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Brasil investirá R$ 300 bilhões em infraestrutura em 2026, prevê presidente da Abdib

Montante é recorde, mas ainda está abaixo dos R$ 500 bilhões necessários para desenvolver a infraestrutura do país, segundo entidade

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 2 de outubro de 2025 às 14h10.

Última atualização em 2 de outubro de 2025 às 14h55.

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O Brasil deve bater o recorde de investimentos em infraestrutura em 2026, com um total previsto de R$ 300 bilhões. A estimativa é de Venilton Tadini, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib). Esse é o dado mais atualizado de projeção do setor.

"Será o maior valor da história. Esses dois anos, 2025 e 2026, vão ultrapassar, ainda que para nós levemente, o pico de 2014", disse Tadini no EXAME Infra, programa realizado pela EXAME em parceria com a empresa Suporte.

O país deve fechar este ano com R$ 280 bilhões em investimentos, em valores nominais.

A previsão, segundo Tadini, é que os setores como transporte e logística, com R$ 76,5 bilhões, e saneamento, com R$ 44,5 bilhões, puxem o resultado positivo. Energia elétrica, apesar de ser o maior volume, com R$ 125,2 bilhões, terá um leve recuo em relação a 2024.

"Em transportes nós temos um programa rodoviário em andamento com bastante investimento. Nós temos também o programa de mobilidade nos estados. São Paulo, por exemplo, tem cinco projetos enormes. Tem em Minas, Paraná e no Mato Grosso também", disse.

A partir de 2024, quando alcançou R$ 260,6 bilhões, o país ultrapassou 2014, até então o ano com maior volume de investimento da série histórica.

Tadini reforça que apesar dos bons resultados o Brasil continua aquém do volume necessário para desenvolver a infraestrutura do país.

Brasil precisa de R$ 500 bilhões por dez anos

Nos cálculos da Abdib, o Brasil precisa de pelo menos 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em investimentos, o que seria algo em torno de R$ 500 bilhões por ano.

“É um hiato de quase R$ 240 bilhões necessários”, afirmou.

Tadini afirma que mesmo que todo o estoque de quase 500 projetos com mais de R$ 750 bilhões previstos saísse do papel, o Brasil ainda não atingiria o patamar necessário para o desenvolvimento no curto prazo.

”Estamos falando de um estoque de investimentos que precisa de um aumento significativo para atingirmos os R$ 500 bilhões necessários por dez anos. Isso para sairmos de uma situação de estoque de infraestrutura de 35% para 55%, visto em países desenvolvidos”, disse.

O presidente comemorou o aumento do investimento privado nos últimos anos, mas disse que para o Brasil chegar nesse patamar é necessário um reforço do investimento público, hoje apenas 17% do total.

“O investimento público é fundamental para garantir que esse crescimento aconteça de forma planejada e com as prioridades adequadas. E, sem dúvida, o maior desafio que temos é a falta de uma articulação clara entre os diferentes poderes para alinhar o orçamento com as prioridades de infraestrutura”, disse.

Tadini criticou o volume de emendas parlamentares, que segundo ele, tomam espaço no orçamento que poderia ser direcionado para a infraestrutura.

”O que temos hoje, por exemplo, são emendas parlamentares sendo direcionadas de forma desarticulada. Há uma grande quantidade de recursos, cerca de 58 bilhões em emendas parlamentares, sendo alocados para projetos sem uma conexão com as estratégias de médio e longo prazo do governo. E isso precisa ser repensado”, afirmou.

PPI gerou curva de aprendizado

Para Tadini, o cenário positivo de investimento tem como resultado uma combinação de fatores, mas destaca a criação do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI) do governo.

”O PPI foi crucial porque trouxe uma maior articulação entre os agentes reguladores, o executivo, as agências de fiscalização e os bancos oficiais”, disse.

Segundo o executivo, o instrumento acabou com a rigidez e distanciamento entre as partes, trazendo, por exemplo, o Tribunal de Contas da União (TCU) para a mesa de negociação.

“O TCU e outros órgãos de controle passaram a ter um papel mais coordenado. As questões regulatórias e contratuais se tornaram mais claras e sistemáticas, o que trouxe mais previsibilidade para os investidores”, afirmou.

EXAME INFRA

O EXAME INFRA é um podcast da EXAME em parceria com a empresa Suporte, especializada em soluções para obras e projetos de infraestrutura. Com episódios quinzenais disponíveis no YouTube da EXAME, o programa se debruçará sobre os principais desafios do setor de infraestrutura no Brasil.

Veja os episódios:

Ep. 1 - EXAME INFRA: SP planeja concessões de rodovias, CPTM e mais com R$ 30 bi em investimentos

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Ep.2 - EXAME INFRA: Com prazo para setembro de 2026, Via Appia quer antecipar entrega final do Rodoanel Norte

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Ep. 3 - EXAME INFRA: Rodovias, ferrovias, 'antídoto' para o câmbio: a agenda de R$ 160 bi do Ministério dos Transportes

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Ep. 4 - '26 anos em 5': rodovias no Brasil terão R$ 150 bi em investimentos até 2030, diz presidente da ABCR 

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Ep. 5 - Com R$ 22 bi ao ano, Brasil ainda investe menos da metade para atingir meta de saneamento

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EP. 6  - Privatização da Sabesp triplica velocidade da empresa, que contrata R$ 15 bi em 90 dias, diz diretor

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EP. 7  - Investimento no Porto de Santos chega a R$ 22 bi e promete modernização e integração com a cidade

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EP. 8  - Rumo investe R$ 6,5 bi para conectar terminal de grãos ao 'coração' da soja no MT

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Ep. 9 - Concessionárias investirão R$ 40 bi de rodovias a hidrovias até 2029, diz CEO da MoveInfra

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Ep. 10 - Fundos de investimentos se consolidaram no mercado de leilões, diz CEO de concessões de R$ 27 bi

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Ep. 11 - 'Brasil tem pressa' e licenciamento ambiental deve ser votado antes do recesso, diz Arnaldo Jardim

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Ep. 12 - Governo de São Paulo prepara leilão de R$ 20 bilhões para saneamento em cidades fora da Sabesp

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Ep. 13 - Com R$ 30 bi em Capex até 2030, EcoRodovias prioriza seletividade, diz diretor-geral

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EP. 14: Aegea avalia IPO em 2027 e prepara estrutura para novo ciclo de expansão e investimentos

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EP. 15: Repactuação de rodovias atraem poucos players — mas Fernão Dias deve ter disputa, diz especialista

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EP. 16: Com R$ 20 bi em PPPs e concessões, RS avança com leilões de rodovias, saúde e educação

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EP. 17: Sanepar planeja disputar concessões fora do Paraná a partir de 2026, diz presidente

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EP. 18: Motiva prevê R$ 60 bi de capex e aposta em 'seletividade e rentabilidade' com rodovias e trilhos

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