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INSS: oposição do governo é eleita para presidir CPI que investiga fraudes em aposentadorias

Presidência e relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito ficaram com o senador Carlos Viana (Podemos-MG) e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL)

Agência o Globo
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Publicado em 20 de agosto de 2025 às 13h51.

O governo sofreu uma derrota logo na instalação da CPI do INSS e viu opositores a Lula serem eleitos para a presidência e a relatoria da comissão, os dois postos mais importantes. O Palácio do Planalto apostava em nomes alinhados ao Executivo para travar as investigações e evitar desgastes.

Governistas viram o episódio como uma reviravolta. O senador Carlos Viana (Podemos-MG), de oposição, foi eleito com 17 votos, contra 13 dados a Omar Aziz (PSD-AM), que era considerado favorito e contava com o apoio de Lula e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). O presidente indicou um relator de oposição, que será o deputado Alfredo Gaspar (União-AL). O nome apoiado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), era o do deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO).

A vitória de Viana refletiu uma articulação de última hora que garantiu vantagem de três votos à oposição. A comissão foi criada para apurar irregularidades em descontos indevidos sobre aposentadorias e pensões, um esquema que, segundo a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU), pode ter causado prejuízos superiores a R$ 6,4 bilhões.

"Quero agradecer cada um dos 17 senadores. Foi uma articulação dos últimos dias", agradeceu Viana.

O líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), afirmou após a escolha que a estratégia foi definida em um encontro com Viana e o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN):

“Estávamos analisando a possibilidade que a gente teria de ganhar lançando uma candidatura avulsa. Conversamos com alguns presidentes de partido e fizemos a articulação e conseguimos a vitória. Foi tudo ontem, a partir de 21h45min”, disse Sóstenes.

Governistas reconhecerem que foram pegos de surpresa e creditaram o resultado à ausência de parlamentares do MDB, de quem o governo contabilizava votos para que não houvesse a derrota.

“Isto está longe de ser uma tragédia para o governo, queremos investigação. Temos uma circunstância regimental. Os três primeiros suplentes são do PL, que ascenderam e fizeram a diferença. Não contávamos que o deputado Rafael Britto, do MDB, estaria fora do Brasil. Foi uma questão de regimento. Esta situação será contornada”, disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AC).

Entre os pontos sensíveis para o governo estão as possíveis convocações do ministro da Previdência, Carlos Lupi, de seu sucessor Wolney Queiroz, do presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior, e do ex-chefe do instituto Alessandro Stefanutto.

A estratégia da base governista será associar as fraudes a gestões anteriores, sobretudo ao período do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Petistas como Paulo Pimenta (RS), Alencar Santana (SP), Rogério Carvalho (SE) e Fabiano Contarato (ES) integram a linha de frente do Planalto na comissão e prometem explorar essa narrativa.

Parlamentares bolsonaristas também pressionam pela convocação de Frei Chico, irmão do presidente Lula, que tem ligação com o Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi). A entidade foi citada em relatório da CGU sobre possíveis fraudes, mas Frei Chico não é investigado, e o sindicato nega irregularidades.

Quem compõe o colegiado

Senadores titulares

  • Eduardo Braga (MDB/AM)
  • Renan Calheiros (MDB/AL)
  • Professora Dorinha Seabra (UNIÃO/TO)
  • Carlos Viana (PODEMOS/MG)
  • Plínio Valério (PSDB/AM)
  • Eliziane Gama (PSD/MA)
  • Cid Gomes (PSB/CE)
  • Jorge Seif (PL/SC)
  • Izalci Lucas (PL/DF)
  • Eduardo Girão (NOVO/CE)
  • Rogério Carvalho (PT/SE)
  • Fabiano Contarato (PT/ES)
  • Leila Barros (PDT/DF)
  • Tereza Cristina (PP/MS)
  • Damares Alves (REPUBLICANOS/DF)

Deputados titulares

  • Coronel Chrisóstomo (PL/RO)
  • Coronel Fernanda (PL/MT)
  • Adriana Ventura (NOVO/SP)
  • Paulo Pimenta (PT/RS)
  • Alencar Santana (PT/SP)
  • Alfredo Gaspar (UNIÃO/AL)
  • Duarte Jr. (PSB/MA)
  • Julio Arcoverde (PP/PI)
  • Rafael Brito (MDB/AL)
  • Sidney Leite (PSD/AM)
  • Romero Rodrigues (PODEMOS/PB)
  • Beto Pereira (PSDB/MS)
  • Mário Heringer (PDT/MG)
  • Bruno Farias (AVANTE/MG)
  • Marcel van Hattem (NOVO/RS)

 

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