Redação Exame
Publicado em 5 de junho de 2025 às 13h17.
Última atualização em 5 de junho de 2025 às 14h38.
A Interpol incluiu nesta quinta-feira, 5, o nome da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) na lista de difusão vermelha, a pedido da Polícia Federal. A medida foi tomada após a parlamentar descumprir ordens judiciais e ser considerada foragida. Zambelli foi condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos de prisão e anunciou na terça-feira que deixou o Brasil.
Nesta quarta-feira, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes determinou que a PF realizasse os "procedimentos necessários" para a inclusão da deputada na lista. Após ser determinado pelo Supremo, o pedido precisava ser aprovado por um conselho que fica sediado em Lyon, na França. Conforme o artigo 3 da Constituição da agência, a requisição não pode ter motivação "política, religiosa, racial ou militar".
Ao determinar a prisão, Moraes disse que, no caso de Carla Zambelli, a saída do Brasil "teria claro objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, em razão da proximidade do julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão condenatório proferido nestes autos e a iminente decretação da perda do mandato parlamentar".
Segundo a Interpol, a inclusão na lista vermelha trata-se de um pedido de cooperação entre as autoridades policiais dos países-membros para localizar e deter temporariamente o indivíduo enquanto aguarda a extradição ou outra ação legal apropriada. A decisão de prender ou não o indivíduo cabe às autoridades do país em que ele se encontra, de acordo com as leis locais e os acordos internacionais em vigor.
A organização afirma que o alerta para a pessoa procurada não é um mandado de prisão internacional, pois a Interpol não pode obrigar as autoridades policiais de nenhum país a prender uma pessoa que seja alvo.
Das 6.569 pessoas incluídas na lista de Avisos Vermelhos públicos no site da Interpol, 71 deles são brasileiros. A lista é atualizada regularmente pela Secretaria Geral da Interpol com base nas informações fornecidas pelos países que solicitam a emissão dos avisos.
Zambeli foi condenada a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões em danos coletivos. O processo está em fase de recurso.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Carla Zambelli responde a outro processo criminal no STF. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.
A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Até o momento, o Supremo registrou placar de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto. No entanto, um pedido de vista do ministro Nunes Marques adiou a conclusão do julgamento.
Moraes atendeu a um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) após o anúncio da parlamentar de que saiu do país. Agora, a Câmara dos Deputados será notificada. Caso ela seja presa, a Constituição prevê que o plenário decida se mantém ou não a medida.
O ministro do STF observou na decisão que, após a sua condenação, Zambelli declarou que "pretende insistir nas condutas criminosas, para tentar descredibilizar as instituições brasileiras e atacar o próprio Estado Democrático de Direito, o que justifica, plenamente, a decretação de sua prisão preventiva".
Na decisão, Moraes afirmou que o "intuito criminoso" da parlamentar "permanece ativo e reiterado" e apontou que Zambelli insiste, "mesmo que de modo atabalhoado e confuso", em divulgar notícias falsas e atacar o Poder Judiciário.
"Lamentavelmente, o intuito criminoso de Carla Zambelli permanece ativo e reiterado, insistindo a condenada — mesmo que de modo atabalhoado e confuso — na divulgação de notícias fraudulentas, no ataque à lisura das eleições e nas agressões ao Poder Judiciário", escreve Moraes.
Além de decretar a prisão preventiva da deputada, que é aliada do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Moraes determinou o bloqueio de bens, ativos e contas bancárias no nome dela, repasses da Câmara a todo o gabinete dela e redes sociais.