Casos de intoxicação por metanol ganharam o noticiário nessas últimas semanas. Com três mortes confirmadas e 14 casos sob investigação até esta terça-feira, 30, autoridades de saúde e segurança pública de São Paulo tentam conter a disseminação de bebidas alcoólicas contaminadas.
A origem da substância tóxica, os sintomas relatados pelas vítimas e o número crescente de casos levantaram o alerta em todo o estado. O metanol (CH₃OH) é altamente inflamável, tóxico e de difícil identificação.
O que aconteceu?
Desde junho, seis casos de intoxicação por metanol foram confirmados na capital e na região metropolitana de São Paulo.
Os pacientes relataram ter consumido bebidas alcoólicas adulteradas em bares, adegas ou festas particulares.
O metanol, substância tóxica usada como solvente industrial, teria sido adicionado a destilados como vodca e gim, provavelmente como substituto de etanol em bebidas clandestinas.
Três estabelecimentos foram inspecionados, e 117 garrafas sem rótulo foram apreendidas. Os locais incluem uma adega na Cidade Dutra e um bar no bairro dos Jardins.
Quais são os sintomas da intoxicação?
O consumo de bebidas contaminadas por metanol provoca sintomas que podem aparecer entre 12 e 24 horas após a ingestão. Os mais comuns são:
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dor de cabeça intensa
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náuseas e vômitos
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alterações visuais, como visão turva e perda súbita da visão
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confusão mental
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dor abdominal
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vertigem e pressão baixa
O comprometimento visual precoce é o principal diferencial em relação a uma ressaca comum, apontam especialistas.
Quais são os tratamentos em caso de intoxicação?
A intoxicação por metanol é uma emergência médica grave. O tratamento deve ocorrer nas primeiras 8 a 10 horas após a ingestão, preferencialmente com:
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administração de antídotos, como fomepizol ou etanol intravenoso
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hemodiálise para remover o metanol da corrente sanguínea
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correção da acidose metabólica com bicarbonato de sódio
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uso de soro, oxigênio e ácido fólico
Quantos casos foram registrados?
A Prefeitura de São Paulo já registrou 14 casos suspeitos de intoxicação por metanol em 2025. Seis foram confirmados laboratorialmente, enquanto outros 10 seguem sob investigação, incluindo pacientes internados em estado grave.
Quantas pessoas morreram?
Três pessoas morreram após consumir bebidas contaminadas com metanol:
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Um homem de 54 anos, da zona leste da capital, morreu em 15 de setembro.
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Um morador de São Bernardo do Campo, de 58 anos, faleceu em 24 de setembro.
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Marcelo Macedo Lombardi, advogado de 45 anos, morreu em 28 de setembro.
De onde veio o metanol?
Após a Operação Carbono Oculto, que fechou distribuidoras de combustíveis ligadas à facção, o resíduo de metanol pode ter sido redirecionado para fábricas clandestinas de bebida.
O PCC usava o metanol para adulterar combustíveis, e agora estaria empregando o produto no mercado ilícito de bebidas alcoólicas.
Como se proteger?
As autoridades recomendam medidas para evitar o consumo de bebidas adulteradas:
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Comprar bebidas apenas de marcas legalizadas
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Verificar rótulo, lacre de segurança e selo fiscal
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Evitar produtos com aparência ou preço duvidosos
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Em caso de sintomas, buscar atendimento médico imediato
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Estabelecimentos comerciais devem revisar a procedência dos produtos oferecidos
A ingestão de apenas 10 ml de metanol pode causar cegueira irreversível, e 30 ml podem ser fatais.