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Investimentos em infraestrutura já beneficiam produtores

Segundo diretor do Conab, atual safra de grãos tem sido beneficiada pelo clima e também pelos avanços das obras de infraestrutura


	Colheita de soja na cidade de Tangará da Serra em Cuiabá
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Colheita de soja na cidade de Tangará da Serra em Cuiabá (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 10 de dezembro de 2013 às 16h25.

Brasília - A atual safra de grãos tem sido beneficiada pelo clima e também pelos avanços das obras de infraestrutura. Com isso, há boas chances de as estimativas apresentadas hoje (10) no terceiro levantamento da safra de grãos 2013/2014 serem superadas.

A opinião foi compartilhada pelo secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, e pelo diretor de Política Agrícola e Informações da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Sílvio Porto.

“Nossa equipe tem percebido que a situação está bastante favorável. O clima indica que teremos mais uma grande safra este ano, podendo passar de 196 milhões de toneladas de grãos. A situação mais confortável é a do milho, que está com as exportações altamente crescidas, ultrapassando a marca dos 20 milhões de toneladas, podendo chegar a 23 milhões”, disse Porto durante o anúncio do terceiro levantamento da safra.

Outro fator que começou a favorecer a produção é o avanço das obras de infraestrutura, em especial de portos das regiões Norte e Nordeste, das ferrovias, e da BR-163, que ligará o Porto de Santarém (PA) ao Sul do Brasil, passando pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Apesar de ainda oferecer condições de escoar a produção pelo Norte, a rodovia tem facilitado cada vez mais o transporte de grãos para o Sul.

“Sobretudo a BR-163 que já está apresentando resultado. Ela teve avanço expressivo este ano e passou a ser operacional. Ajudou principalmente na saída do milho. Acreditamos que a rodovia, no mínimo, dobre ou triplique a capacidade de escoamento para 2014”, disse Sílvio Porto à Agência Brasil.

Em 2013, a BR-163 foi responsável por escoar cerca de 1,5 milhão de toneladas de milho. Segundo o diretor da Conab, esse número poderá chegar a 5 milhões no ano que vem. “A BR-163 já está dando bastante fluxo à produção do médio norte e do norte de Mato Grosso e do sul e do Pará, apesar de alguns pontos mais críticos”, informou Geller.

A rodovia está sendo duplicada em vários trechos concedidos à iniciativa privada. No trecho entre Santarém e Guarantã do Norte (MT), onde a rodovia não existia, as obras foram iniciadas e devem ser concluídas até dezembro de 2015, segundo o Ministério dos Transportes.


Sílvio Porto e Geller avaliam que a estruturação portuária e os recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para ferrovias e portos também auxiliarão os produtores, principalmente das novas fronteiras agrícolas do país.

“As ferrovias terão uma contribuição muito grande nesse cenário de 2014, 2015 e 2016, começando já com a Ferrovia Norte-Sul, quando entrar em operação o ramal que ligará Anápolis (GO) ao Porto do Itaqui (MA) ou outro na região [portos de Vila do Conde e de Belém, no Pará]. Isso vai efetivamente mudar o cenário que sempre tivemos, de grande dependência do fluxo centro-sul [da produção agrícola com origem no Centro-Oeste], principalmente com destino ao Porto de Santos (SP) e eventualmente até Paranaguá (PR)”, disse o diretor da Conab.

“Tirar entre 4 e 5 milhões de toneladas do Porto de Santos e jogar para outros portos ao Norte do país otimizará significativamente o tempo e dará outra perspectiva do ponto de vista de equilíbrio para a logística, o que é fundamental e necessário”, acrescentou.

De acordo com o Ministério dos Transportes, o trecho de ferrovia entre Anápolis e Palmas (TO) está 91% concluído e a previsão é que entre em operação em abril de 2014. Com a ferrovia pronta, o escoamento da produção terá muitas facilidades para chegar aos portos, onde um outro problema tem prejudicado as exportações brasileiras: o excesso de burocracia.

Mas esse problema também vem sendo amenizado pelo governo federal, garante Sílvio Porto. “O setor portuário já apresenta mais fluidez devido à forma como os portos têm sido operacionalizados. Foi extremamente positiva a iniciativa do governo, de ampliar a participação das equipes que fazem toda a parte da burocracia e de liberação de guias, bem como o aumento da força de trabalho tanto da Receita Federal como do Ministério da Agricultura e demais órgãos que prestam serviços na parte aduaneira”, disse o diretor.

Segundo o terceiro levantamento da safra brasileira de grãos 2013/2014, divulgado hoje, a previsão de crescimento da produção em relação à última estimativa é 4,8%. Pelos cálculos, o país deve produzir 195,9 milhões de toneladas de grãos, com crescimento de 3,6% na área plantada, que deve passar de 53,2 para 55,2 milhões de hectares.

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