Moraes: relator da ação, ele será o primeiro a votar (Victor Piemonte/STF/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 9 de setembro de 2025 às 04h00.
Última atualização em 9 de setembro de 2025 às 09h01.
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retoma nesta terça-feira, 9, às 9h, o julgamento da denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado em 2022.
Este é o terceiro dia do julgamento, que tem sessões até sexta-feira. Esta semana será crucial, pois os ministros começarão a decidir pela condenação ou absolvição dos acusados. Caso haja condenação, também será definida a pena de cada réu.
A expectativa para esta terça-feira é em relação ao voto do ministro relator da ação, Alexandre de Moraes, que sinalizou que deve votar pela condenação dos acusados.
No primeiro dia de julgamento, o ministro fez discurso com críticas à suposta tentativa de golpe de Estado e à obstrução do processo.
Segundo Moraes, "impunidade, omissão e covardia não são opções para a pacificação" do país, em referência à proposta de anistia aos acusados, em discussão no Congresso Nacional por aliados de Bolsonaro.
O relator também mencionou, de forma indireta, as sanções impostas pelo ex-presidente americano Donald Trump contra o Tribunal e a economia brasileira, além de acusar o grupo de denunciados de agir de maneira "covarde" e "traiçoeira" na tentativa de obstruir o julgamento.
É esperado que ainda na terça-feira, o ministro Flávio Dino inicie a leitura do seu voto. Ele é o segundo a se manifestar e poderá concluir seu voto somente na quarta-feira, quando a sessão será realizada apenas pela manhã.
O julgamento de Bolsonaro e outros sete réus será transmitido ao vivo pela TV Justiça e no canal do STF do YouTube
Segundo a Procuradoria-Geral da República, uma organização estava "enraizada na própria estrutura do Estado e com forte influência de setores militares", e se "desenvolveu em ordem hierárquica e com divisão das tarefas preponderantes entre seus integrantes".
A acusação afirma que os delitos descritos não são de ocorrência instantânea, mas se desenrolam em cadeia de acontecimentos, alguns com mais marcante visibilidade do que outros, sempre articulados ao mesmo objetivo – o de a organização, tendo à frente o então presidente da República Jair Bolsonaro, não deixar o Poder, ou a ele retornar, pela força, ameaçada ou exercida, contrariando o resultado apurado da vontade popular nas urnas.
Entre os fatos revelados pelos investigadores está o plano "Punhal Verde e Amarelo", uma trama para assassinar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Os ministros podem concluir pela absolvição ou condenação dos réus:
Caso a 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal aplique as penas máximas dos cinco crimes citados pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Bolsonaro poderá ser condenado por até 43 anos de prisão.
A maioria para absolver ou condenar é alcançada com 3 dos 5 votos. Pela ordem de votação, a decisão poderá ocorrer no voto da ministra Cármen Lúcia.
A eventual prisão dos réus que forem condenados não vai ocorrer de forma automática após o julgamento e só poderá ser efetivada após julgamento dos recursos contra a condenação.
Em caso de condenação, os réus devem ficar em alas especiais de presídios ou nas dependências das Forças Armadas.
Oficiais do Exército têm direito à prisão especial, de acordo com o Código de Processo Penal (CPP). O núcleo 1 tem cinco militares do Exército, um da Marinha e dois delegados da Polícia Federal, que também podem ser beneficiados pela restrição.