Brasil

Justiça sozinha não resolve problema da corrupção, diz Moro

O juiz disse que é necessária a participação da sociedade civil reclamando para resolver o problema da corrupção


	Juiz Sérgio Moro: “sozinha, a Justiça não resolve, precisa que outras instituições funcionem, que a sociedade civil reclame”
 (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

Juiz Sérgio Moro: “sozinha, a Justiça não resolve, precisa que outras instituições funcionem, que a sociedade civil reclame” (Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de março de 2016 às 20h52.

São Paulo - O juiz federal Sérgio Moro, que concentra os processos relacionados à Operação Lava Jato, disse nesta terça-feira que sozinha a Justiça não será capaz de resolver o problema da corrupção no Brasil e que é necessária a participação da sociedade civil reclamando.

Moro participou de um seminário em São Paulo nesta terça sobre a Lava Jato e a operação Mãos Limpas, que combateu a corrupção na Itália na década de 1990. O juiz pediu que sua palestra não fosse gravada em vídeo ou em áudio e permitiu apenas que os jornalistas, que tiveram de passar por um rígido esquema de segurança para acompanhar o evento, anotassem a sua fala a mão.

“Sozinha, a Justiça não resolve, precisa que outras instituições funcionem, que a sociedade civil reclame”, disse Moro durante a palestra. “Se os problemas de corrupção não são enfrentados, eles ficam cada vez maiores”, acrescentou.

O magistrado fez um paralelo entre a Lava Jato e a Mãos Limpas e rebateu argumentos de que a operação italiana não teve sucesso e acabou por abrir caminho para que o polêmico magnata da mídia Silvio Berlusconi fosse eleito primeiro-ministro.

Para Moro, a democracia italiana não se mostrou forte o suficiente à época da Mãos Limpas e a sociedade civil não participou. Moro fez a avaliação, no entanto, de que, ainda assim, o país europeu está melhor do que estaria se a operação não tivesse acontecido.

“Se não fosse pela Mãos Limpas, a Itália estaria melhor? Não acredito”, disse.

Como juiz responsável pelos processos da Lava Jato, Moro tem sido alvo de críticas de partidários do governo e de petistas, principalmente por sua decisão de autorizar a divulgação de conversas interceptadas pela Polícia Federal entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff, assim como a decisão de emitir mandado de condução coercitiva para que Lula depusesse à PF na Lava Jato.

Em ofício encaminhado nesta terça ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que pediu explicações ao juiz federal, Moro reconheceu que a divulgação das conversas gerou "controvérsia" e pediu desculpas pela decisão.

"Diante da controvérsia decorrente do levantamento do sigilo e da... decisão de vossa excelência, compreendo que o entendimento então adotado possa ser considerado incorreto, ou mesmo sendo correto, possa ter trazido polêmicas e constrangimentos desnecessários", escreveu a Teori. "Jamais foi a intenção desse julgador, ao proferir a aludida decisão de 16 de março, provocar tais efeitos e, por eles, solicito desde logo respeitosas escusas a este egrégio Supremo Tribunal Federal." 

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesJustiçaOperação Lava JatoSergio Moro

Mais de Brasil

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU

Dilma Rousseff é internada em Xangai após mal-estar