Lula: presidente criticou as mortes provocadas pela megaoperação no Rio (Getty Images)
Repórter
Publicado em 4 de novembro de 2025 às 15h17.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) qualificou a operação policial no Rio de Janeiro como "desastrosa" e criticou a morte de 121 pessoas durante a ação. A declaração foi feita durante coletiva de imprensa nesta terça-feira, 4, em Belém, às vésperas da COP30.
"O dado concreto é que a operação do ponto de vista da quantidade de mortes, ela foi considerada um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa", declarou o presidente aos jornalistas.
Lula também afirmou que acompanha as investigações sobre a ação do governo do Rio de Janeiro.
"Nós estamos inclusive vendo se os legistas da Polícia Federal participam da investigação do processo. Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, e não de matança, e houve a matança."
Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o governador Cláudio Castro preservasse documentos e perícias sobre a operação, como foi estabelecido no julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 635 (ADPF das Favelas), que trata da atuação das forças de segurança no estado. Em resposta, nesta segunda-feira, Castro afirmou que a operação contou com "uso proporcional da força".
Após a realização da operação contra o Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha, Lula se manifestou nas redes sociais, criticando a escalada de violência no Rio e enfatizou que o Brasil não pode aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias.
Posteriormente, Lula também reforçou a necessidade de haver um trabalho coordenado contra as facções criminosas.
Na sexta-feira, 31 de outubro, o presidente Lula assinou o projeto de lei antifacção, que segundo o governo, eleva para até 30 anos as penas para quem integra as facções criminosas que dominam bairros e comunidades.
"O projeto cria mecanismos que aumentam o poder do Estado e das forças policiais para investigar e asfixiar financeiramente as facções. Além disso, garante instrumentos que blindam os órgãos públicos da atuação de membros desse tipo de organizações criminosas", disse Lula em uma publicação no X (antigo Twitter).
O presidente afirmou que a medida vai contribuir no combate do crime organizado junto com a PEC da Segurança Pública. "A proposta se soma à PEC da Segurança Pública, que enviamos ao Congresso em abril, com ações integradas entre os órgãos federais, estaduais e municipais no combate aos criminosos",
E acrescentou: "As facções só serão derrotadas com o esforço conjunto de todas as esferas de poder. Diferenças políticas não podem ser pretexto para que deixemos de avançar. Por isso, confio no empenho dos parlamentares para a rápida tramitação e aprovação destes nossos projetos. As famílias brasileiras merecem essa dedicação".
Assinei e envio hoje ao Congresso Nacional o Projeto da Lei Antifacção, elaborado pelo Governo do Brasil, que eleva para até 30 anos as penas para quem integra as facções criminosas que dominam muitos bairros e comunidades.
O projeto cria mecanismos que aumentam o poder do… pic.twitter.com/t23SP7VVgw
— Lula (@LulaOficial) October 31, 2025
Batizada de Operação Contenção, a ação realizada entre as polícias Civil e Militar nesta terça-feira, 28, foi considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, com saldo de 121 mortos, 113 pessoas presas e mais de 90 fuzis apreendidos, de acordo com dados divulgados pelo governo do estado, na quarta-feira.
Os confrontos começaram após o cerco de forças de segurança às comunidades da Penha e do Alemão, áreas sob domínio do grupo Comando Vermelho. A ação desencadeou uma série de reações do tráfico, incluindo bloqueios em vias expressas e paralisações no sistema de transporte público.
Segundo o governo do Rio, o objetivo da operação foi conter a expansão territorial da facção. Em contrapartida, organizações civis e moradores relataram denúncias de execuções, remoção de corpos e uso excessivo da força por parte dos policiais.