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Lula defende que fintechs paguem impostos após MP do IOF caducar

Medida provisória que taxaria aplicações financeiras e bets caduca; governo planeja novas estratégias de arrecadação

Agência Brasil
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 13h42.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta quinta-feira, 9, que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, “paguem o imposto devido a esse país”.

Lula comentou sobre a decisão da Câmara dos Deputados de retirar de pauta a votação da medida provisória (MP) que taxaria rendimentos de aplicações financeiras e apostas esportivas, compensando a revogação de decreto que previa aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), alvo de críticas do mercado financeiro e de parlamentares.

O governo, agora, deve procurar outras alternativas para aumentar a arrecadação e cumprir a meta fiscal; cortes de gastos também devem ser feitos. Lula está com agenda de viagens até o início da semana que vem e, segundo ele, no retorno, vai reunir sua equipe para avaliar os cenários possíveis.

“Eu volto na quarta-feira [15] para Brasília, aí sim, eu vou reunir o governo para discutir como é que a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, que têm fintechs hoje maiores do que bancos, paguem o imposto devido a esse país”, disse Lula em entrevista à Rádio Piatã, da Bahia.

Fintechs e a tributação

As fintechs são empresas de inovação que se diferenciam pelo uso da tecnologia para oferecer serviços financeiros digitais. Segundo Lula, hoje, há fintechs maiores do que alguns bancos que não pagam impostos proporcionais ao tamanho do negócio.

A MP precisava ser aprovada até esta quarta-feira (8) para não perder a eficácia. Com a retirada da pauta, apresentada pela oposição, o texto caducou.

Detalhes da medida provisória

A versão original da MP propunha a taxação de bilionários, bancos e bets (empresas de apostas eletrônicas) como forma de aumentar a arrecadação. A ideia era, por exemplo, taxar a receita bruta das bets com alíquota entre 12% e 18%, além da taxação de aplicações financeiras, como Letras de Crédito Agrário (LCA), de Crédito Imobiliário (LCI) e de Desenvolvimento (LCD), bem como juros sobre capital próprio.

A previsão inicial era arrecadar cerca de R$ 10,5 bilhões em 2025 e R$ 21 bilhões em 2026. Com as negociações, a projeção caiu para R$ 17 bilhões. O texto também previa corte de R$ 4,28 bilhões de gastos obrigatórios.

“Nós estávamos propondo uma [taxação] de 18%, foi negociado para as [bets] pagar apenas 12%, ainda assim eles não quiseram e se recusaram pagar. É engraçado que o povo trabalhador paga 27,5% de imposto de renda do seu salário e os ricos não querem pagar 12%, não querem pagar 18%”, disse Lula.

Reação do presidente

O presidente reafirmou que não foi uma derrota do governo, mas uma derrota imposta ao povo brasileiro.

“Derrotaram a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro, tirando mais dinheiro dos ricos e distribuindo para os pobres. Foi isso que aconteceu ontem no Congresso Nacional”, declarou.

Antes da votação, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cobrou que o Congresso Nacional cumprisse o acordo firmado com o governo federal para aprovação da MP. Haddad afirmou que o governo manteve diálogo com os parlamentares e fez concessões, mas os partidos do centrão vinham se posicionando contra a medida.

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