Agência de notícias
Publicado em 17 de julho de 2025 às 16h39.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta-feira que vai usar "todas as palavras do dicionário" para negociar com os Estados Unidos para reverter o anúncio do tarifaço de 50% sobre exportações brasileiras ao país, mas que está preparado, inclusive, para se juntar a outros países em uma resposta judicial às medidas tarifárias de Donald Trump.
— O que tenho dito publicamente é que vamos usar todas as palavras que existem no dicionário para tentar negociar e, se não houver acordo, posso garantir que nós vamos à OMC, que podemos unir um grupo de países na resposta e podemos usar a Lei da Reciprocidade — disse em entrevista à jornalista Christiane Amanpour, na CNN Internacional.
Questionado sobre qual seria o plano B do Brasil caso Trump mantenha o tarifaço, Lula disse que tem buscado abrir outros mercados para o país, mas ressaltou que que “jamais imaginou brigar com os Estados Unidos" e que “espera ter uma boa relação com Trump”.
— Lamento que dois países que têm um histórico de boas relações por 200 anos prefiram uma batalha judicial porque um dos presidentes não respeita a soberania do outro — disse Lula.
— O que não pode é o presidente Trump esquecer que ele foi eleito para governar os Estados Unidos. Ele não foi eleito para ser o imperador do mundo. Seria muito melhor estabelecer uma negociação primeiro e depois chegar a um acordo possível. Os dois países têm boas relações por 200 anos — disse.
Apesar das críticas ao presidente dos Estados Unidos, Lula afirmou que não vê crise na relação entre os dois países.
— Ainda não vejo crise (na relação entre os dois países). Posso assegurar que o Brasil não quer confusão, quer negociação e paz. Brasil é um aliado histórico dos Estados Unidos, mas não vai aceitar nenhuma imposição ao país. Aceitamos negociação, não imposição — disse.
O presidente do Brasil afirmou que "foi uma surpresa, não apenas a tarifa, mas a maneira pela qual Trump anunciou” o tarifaço, em uma postagem em sua rede social, Truth Social, e não por vias diplomáticas.
O presidente brasileiro disse que "falta um pouco de multilateralismo no mindset" de Trump e o americano não foi eleito para ser “imperador do mundo”. Lula afirmou que inicialmente acreditou que a postagem se tratava de fake news. Para Lula, a carta de Trump representou "a quebra de qualquer protocolo diplomático que deveria existir entre dois chefes de Estado".
— Estamos negociando com os EUA já há alguns meses. O meu ministro das Relações Exteriores, o vice-presidente, que é também o Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, estão negociando. Desde março, a gente enviou uma proposta após dez encontros. (...) Para a nossa surpresa, em vez de uma resposta à carta que enviamos, recebemos a notícia (do tarifaço), publicada no site do presidente, e não por meios diplomáticos. Acho que foi um grande erro, porque a carta do presidente Trump está cheia de coisas que não são verdade — afirmou Lula.
O presidente voltou a dizer que a Justiça no Brasil é independente e que não poderia interferir no Judiciário para reverter qualquer processo relacionado ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Lula reafirmou que Bolsonaro é julgado por tentar um golpe de estado e que responde à Justiça por suas ações.
— O presidente não pode interferir no Poder Judiciário. Segundo, o déficit na balança comercial (entre os dois países) não é verdade. Os EUA têm um superávit de US$ 4,1 bilhões nos últimos 15 anos. Em terceiro, se houver uma taxação de big techs no Brasil, é uma questão do governo brasileiro.