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Lula diz que Brasil prioriza negociações com governo Trump antes de aplicar reciprocidade em tarifas

Presidente ainda afirmou que se as negociações não derem resultado, ele pretende recorrer à OMC ou atribuir tarifas recíprocas ao país

Lula: "Os Estados Unidos não estão sozinhos no planeta terra" (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: "Os Estados Unidos não estão sozinhos no planeta terra" (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 29 de março de 2025 às 13h14.

 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, neste sábado, que o Brasil tenta negociar com os Estados Unidos a respeito do tarifaço do presidente Donald Trump antes de tomar outras medidas, como adotar a reciprocidade. Ele ameaçou recorrer à Organização Mundial do Comércio (OMC) e sobretaxar os produtos americanos, caso itens brasileiros sejam tributados.

"Antes de fazer a briga da reciprocidade e de fazer a briga na Organização Mundial do Comércio (OMC), a gente quer gastar todas as palavras que estão no nosso dicionário para fazer o livre comércio com os Estados Unidos", declarou Lula a jornalistas, no encerramento de sua visita ao Vietnã.

Nesta semana, Trump afirmou que iria taxar em 25% "todos os automóveis que não são fabricados nos Estados Unidos". A medida também atinge peças automotivas avulsas.

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O Brasil não é diretamente afetado, neste caso, porque não exporta para os EUA. Mas pode ser impactado porque a cadeia de suprimentos da indústria automotiva é global.

Além do anúncio das tarifas sobre os automóveis, que entrará em vigor em 3 de abril, Trump prometeu adotar tarifas recíprocas sobre os países que taxam os produtos americanos em 2 de abril e taxas sobre o aço e o alumínio, também de 25%, a partir do dia 12 do mesmo mês.

"Nós não teremos preocupação de recorrer à OMC, ou, se não for resolvido, temos o direito de impor reciprocidade aos Estados Unidos. É simples assim. Os Estados Unidos não estão sozinhos no planeta terra", disse Lula.

Entretanto, nos bastidores, diplomatas brasileiros avaliam que a OMC está "paralisada" e sem força para agir. Isso porque os Estados Unidos não indicaram os juízes para as vagas em aberto no órgão de solução de controvérsias e, na prática, inviabilizaram uma eventual atuação da entidade. Por isso, a OMC não tem como mediar divergências comerciais e nem tem força para garantir a implementação de eventuais decisões.

Segundo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro de Relações Internacionais, Mauro Vieira, já fizeram duas reuniões com representantes do país para discutir as novas taxas impostas sobre importações brasileiras.

"Eu sinceramente não sei o que pode acontecer na economia americana. Não sei se isso vai repercutir na inflação americana, no aumento da taxa de juros", criticou.

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