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Lula finaliza projeto de lei antifacção que será enviado ao Congresso

Planalto espera que o texto, que atualmente está na Casa Civil, seja enviado ao Congresso ainda nesta sexta-feira

Lula: presidente assina projeto de lei antifacção nesta sexta-feira e texto será enviado ao Congresso Nacional (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Lula: presidente assina projeto de lei antifacção nesta sexta-feira e texto será enviado ao Congresso Nacional (Ricardo Stuckert / PR/Divulgação)

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 18h17.

Última atualização em 31 de outubro de 2025 às 21h05.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinou o projeto de lei antifacção após reunir ministros na tarde desta sexta-feira, 31, para discutir a medida. A expectativa é que o texto, que atualmente está na Casa Civil, seja enviado ao Congresso ainda hoje.

Logo após a finalização do projeto, o presidente Lula explicou a medida eleva para até 30 anos as penas para quem integra as facções criminosas que dominam muitos bairros e comunidades.

"O projeto cria mecanismos que aumentam o poder do Estado e das forças policiais para investigar e asfixiar financeiramente as facções. Além disso, garante instrumentos que blindam os órgãos públicos da atuação de membros desse tipo de organizações criminosas", disse Lula em uma publicação no X (antigo Twitter).

O presidente afirmou que a medida vai contribuir no combate do crime organizado junto com a PEC da Segurança Pública. "A proposta se soma à PEC da Segurança Pública, que enviamos ao Congresso em abril, com ações integradas entre os órgãos federais, estaduais e municipais no combate aos criminosos",

E acrescentou: "As facções só serão derrotadas com o esforço conjunto de todas as esferas de poder. Diferenças políticas não podem ser pretexto para que deixemos de avançar. Por isso, confio no empenho dos parlamentares para a rápida tramitação e aprovação destes nossos projetos. As famílias brasileiras merecem essa dedicação".

O encontro desta sexta-feira contou com a participação dos ministros Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), José Múcio (Defesa), Sidônio Palmeira (Comunicação Social) e o advogado-geral da União, Jorge Messias.

A reunião ocorreu em meio à crise de segurança pública desencadeada pela megaoperação policial no Rio de Janeiro, que resultou em ao menos 214 mortes. As críticas do governador Cláudio Castro (PL) à suposta falta de cooperação do governo federal com sua gestão na área de segurança pública colocou o Planalto em alerta.

De acordo com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o projeto responde a uma demanda da sociedade e do Congresso por mecanismos mais eficazes no combate ao crime organizado.

“Esse é um projeto que vai ao encontro do desejo dos deputados, dos senadores e de toda a sociedade brasileira de combater o crime organizado de forma mais eficaz. É uma contribuição que nós estamos fazendo em diálogo com os demais Poderes, sobretudo com o Legislativo”, disse.

Na quarta-feira, Lewandowski negou saber da operação e, no dia seguinte, viajou ao Rio para anunciar a criação de um Escritório de Combate ao Crime Organizado, com o objetivo de "eliminar barreiras" entre os governos estadual e federal.

O grupo será comandado pelo secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar Santos, e pelo secretário nacional de Segurança Pública, Mário Luiz Sarrubbo. O anúncio foi feito após uma reunião entre os representantes do governo do Rio e federal. Além disso, o estado poderá recrutar peritos criminais da União e aumentar o efetivo da Força Nacional do Rio e da Polícia Rodoviária Federal no estado. Há também a intenção de intensificar as ações de inteligência da Polícia Federal para sufocar o braço financeiro das quadrilhas.

Em meio à crise, Lula pediu celeridade na análise legal do projeto de lei antifacções. Na semana passada, a minuta do projeto foi levada ao Planalto por Lewandowski. O texto estava na AGU quando ocorreu a megaoperação no Rio de Janeiro, e, por determinação de Jorge Messias, foi enviado com parecer favorável para a Casa Civil no mesmo dia.

Veja os principais pontos do projeto antifacção:

  • Novo crime: Cria a “organização criminosa qualificada”, com pena de 8 a 15 anos de prisão para grupos que tentem controlar territórios e atividades econômicas, via “violência e ameaça”. O objetivo é enquadrar facções e milícias.
  • Servidor público: A Justiça pode afastar cautelarmente o servidor que “promove, constitui, financia ou integra” a organização criminosa. Condenados ficam impedidos de vínculo com o Poder Público por até 14 anos.
  • Penas mais duras: A pena sobe para até 30 anos se houver homicídio em favor da “organização criminosa qualificada”. Também foi endurecida a punição para organização criminosa simples, que pode chegar a 10 anos.
  • Intervenção judicial: A Justiça pode ordenar “intervenção judicial” em empresa ligada à organização criminosa, com nomeação de gestor externo. A medida prevê “imediato bloqueio” de operação financeira, societária e afins.
  • Sequestro de bens: A Justiça pode decretar a apreensão de bens e valores do investigado no curso do inquérito ou ação penal, ainda antes do trânsito em julgado, se houver suspeita de que são fruto do crime.
  • Banco de dados nacional:Estabelece um “Banco Nacional das Organizações Criminosas”, com o objetivo de reunir informações sobre os faccionados. Ele poderia ser consultado por qualquer órgão de segurança pública.
  • Monitoramento de preso: O texto prevê o monitoramento, com autorização judicial, de conversas e reuniões de presos provisórios e condenados por integrar organização criminosa, podendo ocorrer no parlatório ou por meio virtual.
  • Transferência de cadeia: A administração penitenciária ganha o direito de transferir presos para outras cadeias, comunicando imediatamente o juiz. Isso, no entanto, só poderá ser feito no caso de risco iminente.

Saiba tudo sobre a megaoperação no Rio de Janeiro

(Com informações da agência O Globo)

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