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Maioria considera resposta do governo Lula à fraude do INSS como ruim ou péssima, diz pesquisa

Em relação ao conhecimento do governo sobre os descontos irregulares nas aposentadorias, 72,4% acreditam que o Executivo já sabia da situação

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 13 de maio de 2025 às 05h58.

A condução do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a fraude de descontos irregulares em benefícios de aposentados e pensionistas do INSS é avaliada como ruim ou péssima pela maioria dos brasileiros, diz pesquisa Futura Inteligência.

Cerca de 47,% apontam que a resposta do governo é péssima e 14,1% dizem que é ruim. Outros 18,1% avaliam como regular e apenas 11,5% dos respondentes consideram que a condução do governo como "boa", e 4,4% atribuem a nota "ótima" à gestão no caso dos descontos indevidos.

A pesquisa também aponta que 72,6% da população está acompanhando o escândalo de perto, enquanto 26,4% não acompanham os desdobramentos do caso. Em relação ao conhecimento do governo sobre os descontos irregulares nas aposentadorias, 72,4% acreditam que o Executivo já sabia da situação, enquanto 21,4% discordam dessa avaliação.

Nesta terça-feira, o governo notificará 9 milhões de segurados que tiveram descontos associativos. A informação estará no aplicativo Meu INSS. O objetivo da medida é descobrir qual o percentual desse total teve descontos não autorizados. Os reembolsos poderão ser solicitados a partir de quarta-feira.

Entenda a operação que descobriu a fraude no INSS

No fim de abril, a Polícia Federal deflagrou uma operação que revelou um suposto esquema de desvios de descontos associativos não autorizados por aposentados e pensionistas.

A operação da PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) afirma que entidades sindicais e associativas firmaram Acordos de Cooperação Técnica com o INSS e, com isso, passaram a incluir mensalidades nas aposentadorias sem que os próprios aposentados tivessem conhecimento.

Há casos em que as assinaturas foram consideradas falsas, feitas por beneficiários com doenças incapacitantes, por indígenas analfabetos e até por pessoas que moram no exterior. A CGU identificou ainda que 21 entidades realizaram 100% dos descontos sem autorização.

As entidades cobraram de aposentados e pensionistas R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024, segundo os investigadores.

Foram 211 mandados judiciais de busca e apreensão, ordens de sequestro de bens no valor de mais de R$ 1 bilhão e seis mandados de prisão temporária no Distrito Federal e nos estados de Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe. 

Segundo a PF, os investigados poderão responder pelos crimes de corrupção ativa, passiva, violação de sigilo funcional, falsificação de documento, organização criminosa e lavagem de capitais.

A crise resultou na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e na saída do ministro da Previdência, Carlos Lupi (PDT).

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