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Marinha do Brasil conclui compra de navio de guerra britânico

Em agosto, 48 militares brasileiros devem viajar à Inglaterra para treinamento no HMS Bulwark

HMS Bulwark: navio britânico adquirido pelo Brasil para defesa da Amazônia Azul e operações humanitárias. (Emily Chambers/Royal Navy/Getty Images)

HMS Bulwark: navio britânico adquirido pelo Brasil para defesa da Amazônia Azul e operações humanitárias. (Emily Chambers/Royal Navy/Getty Images)

Agência o Globo
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Publicado em 10 de setembro de 2025 às 09h49.

A Marinha do Brasil finalizou a compra do navio de guerra britânico HMS Bulwark, conforme divulgado pela Força nesta quarta-feira. Os documentos que formalizam a aquisição foram assinados a bordo do HMS “Mersey” por autoridades brasileiras e do Reino Unido. A Marinha considera a compra um marco no esforço de recomposição do núcleo do Poder Naval, que contribuirá para o exercício da soberania em águas sob jurisdição do Estado.

O HMS Bulwark está atualmente em Plymouth, onde passa por obras de revitalização previstas para durar até o próximo ano.

A assinatura da compra foi feita pela diretora-geral do Material da Marinha, almirante de Esquadra Edgar Luiz Siqueira Barbosa, e pelo second sea lord da Royal Navy, vice-almirante Martin Connell, com a presença do comandante da Marinha, almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen.

De acordo com a Marinha, a embarcação será empregada na proteção da Amazônia Azul, região estratégica das águas jurisdicionais brasileiras, rica em recursos naturais e minerais.

“O HMS ‘Bulwark’ constitui um marco no esforço de recomposição do núcleo do Poder Naval, contribuindo para o exercício da soberania em águas sob jurisdição do Estado. A Marinha reafirma seu compromisso com a presença em áreas de interesse e com a capacidade de atuar em diferentes cenários, seja em operações de defesa ou apoio à população em situações de emergência, desastres naturais e missões humanitárias”, afirmou Olsen em comunicado oficial.

Treinamento da tripulação brasileira

Ainda neste mês, 48 militares brasileiros viajarão à Inglaterra para treinamento no HMS Bulwark e acompanhamento das obras de reparo do navio. Em novembro, outros 44 militares serão capacitados, enquanto o restante da tripulação seguirá ao Reino Unido apenas em 2026, após a conclusão da reforma.

“Este navio desempenhará papel crucial nas missões operativas da Marinha do Brasil, na defesa da Amazônia Azul, e será utilizado em ações humanitárias e de resposta a desastres naturais”, destacou a Marinha. Classificado como navio doca-multipropósito, o Bulwark é empregado no transporte de tropas, veículos, helicópteros, equipamentos, munições e provisões.

Com 176 metros de comprimento, o navio tem capacidade para 290 tripulantes e pode transportar até 710 militares. O convés de voo suporta a operação de duas aeronaves de grande porte.

Polêmica no Reino Unido

A negociação já havia sido confirmada pela Marinha brasileira. Em fevereiro, a compra ganhou repercussão na imprensa inglesa e gerou controvérsia no Parlamento britânico. Os navios foram vendidos por aproximadamente R$ 145 milhões, uma fração do valor gasto pelo Ministério da Defesa do Reino Unido com o Albion e o Bulwark nos últimos 14 anos.

“Alguns anos atrás, o Comitê de Defesa da Câmara dos Comuns descreveu a ideia de eliminar estes dois navios anfíbios como analfabetismo militar”, disse o parlamentar Mark Francois, do Partido Conservador, ao jornal The Daily Mail. Francois é Ministro da Defesa das Sombras, cargo sem poderes executivos, mas responsável por fiscalizar a pasta.

Ele acrescentou que vender os navios a um preço tão baixo também representa “analfabetismo financeiro”.

Os navios foram oferecidos ao Brasil pelo equivalente a 20 milhões de libras (R$ 145 milhões). Em novembro de 2024, a ministra da Indústria de Defesa britânica, Maria Eagle, afirmou que desde 2010 o Albion e o Bulwark custaram £132,7 milhões (R$ 966 milhões) em reformas.

Em janeiro do ano passado, o então ministro britânico das Relações Exteriores, Andrew Mitchell, afirmou que os navios não seriam descartados antes do início da década de 2030. Com a mudança de governo, os planos foram alterados, e em 20 de novembro, o Secretário de Defesa John Healey anunciou a desativação dos dois navios, que já estavam fora de operação e custavam R$ 65 milhões ao ano.

“De acordo com o planejamento atual, nenhum dos dois deveria voltar ao mar antes das datas de desativação, em 2033 e 2034”, declarou Healey, segundo a imprensa britânica.

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