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Moraes manda prender Carla Zambelli após deputada deixar o país e pede inclusão na lista da Interpol

Condenada pela Corte a 10 anos de prisão, a deputada federal anunciou na terça-feira que deixou o Brasil. Segundo o G1, Zambelli está nos EUA e deve se deslocar para a Europa

Carla Zambelli: deputada está fora do país (Michel Jesus/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

Carla Zambelli: deputada está fora do país (Michel Jesus/Câmara dos Deputados/Agência Câmara)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 4 de junho de 2025 às 11h15.

Última atualização em 5 de junho de 2025 às 14h39.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, acatou o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) e determinou a prisão preventiva da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) nesta quarta-feira, 4. Zambelli foi condenada pela Corte a 10 anos de prisão e anunciou na terça-feira que deixou o Brasil.

Segundo a parlamentar, sua saída do país ocorreu inicialmente para tratar um problema de saúde. No entanto, ela também alegou estar sendo alvo de "perseguição judicial", após ter sido condenada. Segundo o blog da Andréia Sadi, do G1, Zambelli está nos Estados Unidos e deve se deslocar para a Europa. Ela afirmou ainda que pedirá licença do mandato.

"No caso de CARLA ZAMBELLI SALGADO DE OLIVEIRA é inequívoca a natureza da alegada viagem à Europa, com o objetivo de se furtar à aplicação da lei penal, em razão da proximidade do julgamento dos embargos de declaração opostos contra o acórdão condenatório proferido nestes autos e a iminente decretação da perda do mandato parlamentar", escreveu Moraes.

Na decisão, Moraes solicitou que a Polícia Federal realize os procedimentos para incluir Zambelli na lista vermelha da Interpol, determinou o bloqueio imediato do passaporte diplomático, bloqueio do uso de verbas da Câmara dos Deputados e de contas bancárias da deputada.

"A jurisprudência do Supremo Tribunal Federal é firme no sentido da decretação da prisão em razão da fuga do distrito da culpa, quando demonstrada a pretensão de se furtar à aplicação da lei penal", afirma um trecho da decisão.

O ministro determinou ainda que as redes sociais da deputada sejam bloqueadas em até duas horas, com multa diária de R$ 100 mil para as plataformas que não seguirem a ordem. Além disso, o magistrado estipulou uma multa de R$ 50 mil para Zambelli por postagens nas redes sociais que "reiterem as condutas criminosas".

Após Zambelli informar que saiu do Brasil, o advogado Daniel Bialski deixou a defesa da deputada. Na decisão desta quarta, Moraes indicou a Defensoria Pública da União para defender a deputada. 

Veja ponto a ponto da decisão de Moraes para prisão preventiva de Zambelli

  • Bloqueio dos passaportes, incluindo o passaporte diplomático que ela obteve por ser deputada;
  • Bloqueio de salários e outras verbas, bens, ativos e contas bancárias, incluindo PIX;
  • Bloqueio de veículos, incluindo embarcações e aeronaves eventualmente em nome dela;
  • Bloqueio dos canais e perfis em redes sociais como Gettr, Facebook, Instagram, LinkedIn, TikTok e X;
  • Multa diária de R$ 50 mil contra a deputada por postagens que "reiterem as condutas criminosas";
  • Inclusão do nome de Zambelli na lista vermelha da Interpol.

Condenada por invasão ao sistema do CNJ

Zambeli foi condenada a dez anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pagar R$ 2 milhões em danos coletivos. O processo está em fase de recurso.

De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão para emissão de um mandato falso de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.

Carla Zambelli responde a outro processo criminal no STF. Em agosto de 2023, Zambelli virou ré no Supremo pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022.

A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.

Até o momento, o Supremo registrou placar de 6 votos a 0 para condenar a parlamentar a cinco anos e três meses de prisão em regime semiaberto. No entanto, um pedido de vista do ministro Nunes Marques adiou a conclusão do julgamento.

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