Agência de notícias
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 14h57.
A Mesa Diretora da Câmara decidiu nesta segunda-feira, 22, encaminhar ao Conselho de Ética a suspensão dos mandatos de Marcos Pollon (PL-MS), Marcel Van Hattem (Novo-RS) e Zé Trovão (PL-SC).
Os três lideraram o motim que paralisou o plenário em agosto, em protesto contra a prisão de Jair Bolsonaro. Outros 11 deputados, entre eles Bia Kicis (PL-DF), Carlos Jordy (PL-RJ), Nikolas Ferreira (PL-MG) e Caroline de Toni (PL-SC), devem ser apenas advertidos com censura escrita.
O envio dos pedidos de suspensão foi assinado por todos os membros da direção da Câmara, à exceção dos vice-presidentes Altineu Côrtes (PL-RJ) e Elmar Nascimento (União-BA). Caberá agora ao Conselho de Ética decidir se aplica as penalidades ou se as revisa antes de levá-las ao plenário.
A decisão endossa o parecer do corregedor Diego Coronel (PSD-BA), que sugeriu punições mais duras aos parlamentares mais ativos na confusão. Pollon é o caso mais grave: 90 dias de afastamento por ataques à presidência da Casa e mais 30 dias pela obstrução física da cadeira de Hugo Motta. Van Hattem e Zé Trovão podem ficar 30 dias suspensos.
Nos bastidores, a medida é vista como um endurecimento tardio de Motta, que no auge da crise havia optado por mandar o caso para a Corregedoria, em vez de abrir processo direto no Conselho de Ética. Agora, ao abraçar as recomendações, tenta recuperar autoridade em meio ao desgaste.
O episódio fragilizou o presidente da Câmara no retorno do recesso, quando a ocupação da Mesa — que durou mais de 30 horas — foi usada pela tropa bolsonarista como moeda de pressão para pautar a anistia e a PEC da Blindagem. Desde então, líderes discutem mudanças no Código de Ética e no Regimento para que empurrões, invasão da Mesa e bloqueio de votações passem a resultar automaticamente em punições mais severas.
Pelo Código atual, a censura escrita funciona como um cartão amarelo, enquanto a suspensão equivale a um cartão vermelho.