Brasil

MPE abre inquérito e diz que festa em Bauru era clandestina

O evento terminou com a morte de um estudante após consumo excessivo de vodca durante uma "competição" para medir a resistência à bebida


	Garrafas com álcool: o MPE suspeita que as festas de estudantes se tornaram um negócio
 (Getty Images North America/AFP/Arquivos)

Garrafas com álcool: o MPE suspeita que as festas de estudantes se tornaram um negócio (Getty Images North America/AFP/Arquivos)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 15h03.

Bauru - O Ministério Público Estadual (MPE) abriu inquérito para apurar as condições da festa, realizada sábado, em Bauru (SP), na qual o estudante de engenharia Humberto Moura Fonseca, 23 anos, morreu e três outros estudantes da Unesp foram internados em coma alcoólica, após consumo excessivo de vodca durante uma "competição" para medir a resistência à bebida.

Para o MPE, a festa era clandestina, pois não tinha alvarás para ser realizada e não obedecias as regras da legislação.

O MPE suspeita que as festas de estudantes se tornaram um negócio, com organizadores que obtêm lucros financeiros enquanto colocam a segurança dos frequentadores em perigo.

O inquérito foi aberto pelas promotorias dos Direitos do Consumidor, da Arquitetura e Patrimônio e da Criança e do Adolescente.

Mas este inquérito não é o primeiro; desde novembro de 2014, o MP de Bauru apura, em outro inquérito, a realização de festa clandestinas na cidade; duas delas chegaram a ser canceladas por liminares obtidas pelo MP na Justiça.

"Estamos mapeando essas festas porque os organizadores não cumprem a legislação necessária para este tipo de evento, mas abrimos um inquérito exclusivo para a festa de sábado porque houve uma morte e pessoas foram internadas", explicou o promotor do consumidor, Libório Nascimento.

Abadás

Segundo ele, a intenção é salvaguardar a segurança dos frequentadores. "Temos suspeita de que houve dano moral coletivo e vamos pedir indenização na esfera cível", afirmou.

Segundo o promotor, além de ouvir participantes, organizadores e outras testemunhas, o MP quer saber qual a participação de empresas de bebidas no patrocínio do evento.

Durante a prova em que os estudantes passaram mal, eles estavam vestidos com abadás com a propaganda da Skol. "Alguém certamente estava lucrando com a festa", afirmou.

Em nota, a Ambev não explicou o uso dos abadás, limitando-se apenas a lembrar que recomenda o consumo consciente.

"Não podemos impedir as pessoas de confraternizarem, mas é preciso que haja segurança para isso. As festas estão sendo realizadas sem que os organizadores cumpram o regulamento como vistorias de bombeiros, sem brigadas de incêndio, sem ambulâncias para socorrer adequadamente as pessoas, sem alvarás judiciais, do Corpo de Bombeiros, da Prefeitura e até do Juizado de Menores", explicou o promotor.

"É um negócio clandestino, pois há cobranças de ingressos e alguém lucra com esses eventos, embora não garanta a segurança dos frequentadores", completa.

Punição

A Unesp quer punir os estudantes que organizaram a festa.

Segundo a universidade, "a Assessoria Jurídica já foi acionada para verificar a melhor forma de averiguar os fatos e apurar as responsabilidades", diz nota da Unesp.

A Unesp ainda lembrou que há anos realiza palestras sobre o uso de álcool e outras drogas, presta serviço psicológico gratuito e possui programas contra abuso do uso de álcool e outras drogas, além de preparar ações de conscientização para os estudantes e distribuir materiais impressos alertando sobre o problema.

Acompanhe tudo sobre:Álcool combustívelEnsino superiorFaculdades e universidadesMinistério Público

Mais de Brasil

Moraes manda Ministério da Justiça formalizar pedido de extradição de Zambelli

Projeto que anula aumento do IOF deve ser pautado na terça, diz Hugo Motta

Empresários franceses prometem a Lula investir R$ 100 bi no Brasil

Setores de TI e IA demandarão 10 vezes mais minerais críticos que oferta atual, diz CEO da Vale