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MPF denuncia 12 pessoas por crimes contra indígenas em MS

O Ministério Público Federal denunciou 12 pessoas por envolvimento em crimes contra os grupos indígenas Guarani-Kaiowá e Ñandeva no estado


	Índio da etnia Guarani Kaiowá põe cruzes: acusações são de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo
 (Wilson Dias/ABr)

Índio da etnia Guarani Kaiowá põe cruzes: acusações são de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo (Wilson Dias/ABr)

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Da Redação

Publicado em 17 de junho de 2016 às 21h55.

O Ministério Público Federal (MPF) denunciou hoje (17) 12 pessoas por envolvimento em crimes contra os grupos indígenas Guarani-Kaiowá e Ñandeva em Mato Grosso do Sul.

As acusações são de formação de milícia privada, constrangimento ilegal, incêndio, sequestro e disparo de arma de fogo. A denúncia do MPF ocorre dias após a morte do Guarani Kaiowá Cloudione Rodrigues Souza, 26 anos, em um ataque a tiros na última terça-feira (14).

As investigações do MPF, no entanto, ocorrem há oito meses, conduzidas pela força-tarefa Avá Guarani. “O ajuizamento das denúncias é a primeira de uma série de medidas para combater o conflito armado na região”, segundo o órgão. De acordo com a denúncia, jagunços teriam sido contratados por fazendeiros para ameaçar e violentar as comunidades indígenas.

“Só nos últimos dez anos, pelo menos um índio foi morto por ano em decorrência do conflito fundiário em Mato Grosso do Sul”, afirma o MPF. O assassinato de Cloudione foi incluído na investigação. No dia da morte do indígena, a entidade deslocou representantes para a área do conflito, no município de Caarapó. Além do MPF, a Polícia Federal e a Força Nacional atuam na região.

Demarcação

Os Guarani-Kaiowá ocupavam desde o último domingo (12) o território chamado de Toropaso, dentro da Fazenda Yvu. Esse território, reivindicado pelos indígenas, foi identificado pela Funai em maio como terra indígena, mas ainda não teve sua demarcação confirmada. Após a divulgação do ataque, a Funai criticou o ocorrido e disse que atuará para o esclarecimento do caso.

Já o Sindicato Rural de Caarapó afirmou “desconhecer” o assassinato. O sindicato, representante dos fazendeiros da região, afirma que não foi comunicado sobre disparos de arma de fogo e que tomou conhecimento apenas do uso de fogos e bombas para dispersar os indígenas “com medo de retaliação ou reação” por parte destes.

Os indígenas, no entanto, confirmam o atentado. “Esse ataque é fruto da leniência e da lentidão do Estado Nacional em resolver a demarcação das terras indígenas. Outras áreas de retomada como Te’yjusu e Pindo Roky também foram vítimas de violências”, disse o antropólogo Diógenes Cariaga, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em declaração divulgada pelo Instituto Socioambiental (ISA).

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