Brasil

MPF vai investigar Michelle Bolsonaro e Caixa por tráfico de influência

A partir da indicação de Michelle, pedidos furaram a fila dos interessados nos empréstimos do banco e passaram a ter um tratamento diferenciado

Michelle Bolsonaro: a investigação em relação à atuação da primeira-dama será realizada dentro de um inquérito que apura irregularidades na Caixa (Alan Santos/PR/Flickr)

Michelle Bolsonaro: a investigação em relação à atuação da primeira-dama será realizada dentro de um inquérito que apura irregularidades na Caixa (Alan Santos/PR/Flickr)

AO

Agência O Globo

Publicado em 1 de outubro de 2021 às 18h06.

Última atualização em 1 de outubro de 2021 às 19h40.

A primeira-dama Michelle Bolsonaro teria agido para favorecer empresas de amigos em pedidos de financiamento da Caixa Econômica Federal no primeiro semestre do ano passado, no auge da pandemia de covid-19. A informação foi revelada nesta sexta-feira pela revista Crusoé, que obteve documentos e e-mails com uma lista de indicados. A Procuradoria da República do Distrito Federal vai investigar o caso.

A maioria das operações de empréstimo, segundo a revista, se deu em uma agência de Taguatinga, cidade vizinha a Brasília, após o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, encaminhar as demandas da primeira-dama.

A investigação em relação à atuação da primeira-dama será realizada dentro de um inquérito que apura irregularidades na Caixa, como a suposta pressão política sobre a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). O inquérito é conduzido pelo procurador Anselmo Cordeiro Lopes.

A divulgação da notícia dos casos de fura-filas provocou reações políticas. O líder do Bloco da Minoria na Câmara, deputado Marcelo Freixo (PSB-RJ), informou que o bloco acionou o Ministério Público Federal para que a primeira-dama seja investigada por tráfico de influência. Também assinam o pedido o líder do PT Bohn Gass, o líder da oposição, Alessandro Molon (PSB), Jôenia Wapichana (Rede), Wolney Queiroz (PDT) e Talíria Petroni (PSOL).

"A mamata não ia acabar? Reportagem da Crusoé revela que a primeira-dama Michelle Bolsonaro teria interferido na Caixa Econômica durante a pandemia para favorecer amigos e empresas bolsonaristas. Investigação já!", publicou o deputado Alessandro Molon (PSB-RJ).

A bancada do partido Novo na Câmara considerou "muito grave" as revelações e vai pedir explicações ao Ministério da Economia.

Para a ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB), "mamata é a única instituição que segue funcionando" no atual governo.

De acordo com a revista, a própria Michelle teria conversado com o presidente da Caixa para liberação de financiamentos. Na lista de contemplados tem floreira, confeiteira, cabeleireira e até um promoter. Também constam empresárias do ramo da moda que contam com a divulgação de suas marcas pela família do presidente.

Os assessores de Michelle teriam atuado como despachantes para facilitar a aprovação das empresas no programa. “A pedido da sra. Michelle Bolsonaro e conforme conversa telefônica entre ela e o presidente Pedro, encaminhamos os documentos dos microempresários de Brasília que têm buscado crédito a juros baixos”, dizia um e-mail enviado por uma assessora especial, datado de 20 de maio de 2020.

Ainda de acordo com a publicação, a operação foi detectada pelo sistema de controle do próprio banco e uma apuração interna foi aberta.

As mensagens do gabinete da primeira-dama não apontavam em qual operação de crédito os empresários estavam interessados, mas todos acabaram enquadrados no Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe). Chamou a atenção dos auditores o "caminho dos processos — de cima para baixo", uma lista que recebeu tratamento Vip.

  • Fique por dentro das principais notícias do Brasil e do mundo. Assine a EXAME
Acompanhe tudo sobre:CaixaGoverno BolsonaroJair BolsonaroMinistério PúblicoPGR - Procuradoria-Geral da República

Mais de Brasil

Após recesso, Câmara retoma votações com foco na MP do INSS nesta semana

Tarcísio passa por procedimento médico sem complicações neste domingo

'Temos que taxar bancos e bets', diz Gleisi em encontro do PT

Ministério Público de SP denuncia fisiculturista que espancou médica por tentativa de feminicídio