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'Não há menor dúvida de que já estou condenado', diz Bolsonaro

Em entrevista à Reuters, ex-presidente afirmou que "não tem dúvidas" sobre sua condenação e que "Alexandre de Moraes é o ditador-mor" do Brasil

Jair Bolsonaro: presidente dá entrevista à Reuters após operação da PF (Reuters/Reprodução)

Jair Bolsonaro: presidente dá entrevista à Reuters após operação da PF (Reuters/Reprodução)

Publicado em 18 de julho de 2025 às 12h58.

Última atualização em 18 de julho de 2025 às 13h17.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira, 18, pouco depois de ser alvo de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal (PF), que sente que "já está condenado". "Eu não tinha que responder ao STF, mas à primeira instância. Eles querem me condenar. E não há a menor dúvida de que eu já estou condenado, tanto que nem estou sendo julgado pelo plenário. Não tenho dúvidas da condenação", afirmou ele em entrevista à Reuters. "Nunca se viu um processo tão rápido quanto o meu", disse.

Bolsonaro afirmou também "não saber o que estava no pen drive" apreendido pela PF. "Eu nunca abri um pen drive na vida. Se eu tivesse algo comprometedor, não estaria em casa, eu não sou criminoso, tanto é que meu telefone não tem senha", afirmou.

Sobre os cerca de US$ 14 mil encontrados em sua casa, o ex-presidente disse que o valor estava em casa para "futuras viagens". "Eu tenho o recibo do Banco do Brasil, foi fotografado pela Polícia Federal. O dinheiro é meu mesmo. O ano que vem, se eu tivesse o dólar em casa, estaria declarado no Imposto de Renda", disse.

Ainda segundo o ex-presidente, sua investigação é "política". "Nunca cogitei sair do Brasil. Esse processo que estou sofrendo é político, não é normal. Eles querem me tirar do jogo político para o ano que vem", afirmou. "Sou o único, segundo pesquisas, que pode ganhar do Lula. Eu sou o candidato para 2026", disse.

Bolsonaro também afirmou que as decisões do STF em deixá-lo sem redes sociais e sem contato com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, é uma "covardia". Segundo ele, as conversas com Eduardo nos EUA aconteciam a pelo menos a cada dois dias, mas que não havia "estratégia".

Tarifaço

Em relação às tarifas do presidente americano, Donald Trump, Bolsonaro afirmou que não houve ingerência por parte dele ou de seu filho, Eduardo, pelos 50%. Segundo a investigação do Supremo Tribunal Federal (STF), as ações de Bolsonaro e seu filho podem configurar tentativa de interferência nos assuntos internos do Brasil e são vistas como uma forma de obstrução à justiça e tentativa de obter impunidade nas investigações.

"O Brasil não tem embaixador nos Estados Unidos, tem encarregado de negócios, minha ideia era procurá-lo para conversar sobre as tarifas. Se bem que nós sabemos que as tarifas estão no mundo todo, e o maior percentual veio para o Brasil, uma decisão do departamento de Estado americano. Não teve interferência nossa pelos 50%", afirmou Bolsonaro. "Eu nunca darei conselhos para o Trump, os EUA são um exemplo para nós, e não nós um exemplo para ele", disse.

Segundo Bolsonaro, "se ele fosse o presidente da República, a situação ia ser igual da Argentina". "O Trump gosta muito do Milei, gosta muito de mim, não podemos negar isso aí. Ele convidou para a sua posse quatro chefes de Estado e eu, que era ex-presidente, e o Alexandre de Moraes não me permitiu ir — ele é o ditador-mor do Brasil", disse. "O Trump já declarou que, quando eu era presidente, foi a primeira vez que ele teve, no Brasil, um presidente que respeita os EUA", afirmou.

Bolsonaro continuou afirmando que "parece que o governo Lula quer um confronto" com Trump e que Lula "não conversou com o presidente americano até hoje". "O Brasil já está prejudicado pela forma de o governo agir. Não sei o que passa na cabeça do Trump. Tenho muita admiração por ele. Se ele negociou com a China, não há porque ele não negociar com o Brasil", disse.

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