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O Rio Paraopeba está morto, diz pesquisadora da SOS Mata Atlântica

Turbidez é tão alta e densa que tirou todo o oxigênio - principal indicador de vida

Brumadinho: "Aqui a lama ficou depositada em várias nascentes que abastecem o Paraopeba", diz pesquisadora do SOS Mata Atlântica (Isac Nobrega/Reuters)

Brumadinho: "Aqui a lama ficou depositada em várias nascentes que abastecem o Paraopeba", diz pesquisadora do SOS Mata Atlântica (Isac Nobrega/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 1 de fevereiro de 2019 às 12h48.

Última atualização em 1 de fevereiro de 2019 às 12h52.

Brumadinho - A cerca de 40 km abaixo do ponto em que a onda de rejeitos da barragem da Vale encontrou o Rio Paraopeba, uma pequena nascente, limpa, tenta se misturar ao rio e seguir seu curso. Em vão. O rio virou um tijolo líquido. Parece chocolate derretido.

A comparação é de Malu Ribeiro, da SOS Mata Atlântica, que lidera expedição iniciada ontem para monitorar a qualidade da água do rio após o acidente na barragem e trazer pistas sobre impactos ambientais.

Ali, porém, não há indicador de qualidade a ser medido. A turbidez é tão alta e densa que tirou todo o oxigênio - principal indicador de vida. Não é possível checar quantidades de nitrato, fosfato ou quaisquer outros parâmetros porque a água virou uma lama só. "A única coisa que podemos dizer aqui é que esse rio está morto", diz Malu.

O plano da expedição, acompanhada pela reportagem, é coletar água em vários locais a partir do marco zero, onde o rio foi contaminado, e checar as condições ao longo de seu curso em direção ao São Francisco, por 356 quilômetros. A previsão é de seguir até a hidrelétrica de Três Marias, já no São Francisco.

Há três anos, Malu e a equipe encararam cenário semelhante no Rio Doce, no maior desastre ambiental do País. "Lá o rejeito era mais fino e ficava sobre a água, não decantava, aqui tomou tudo. É lama mesmo. A corredeira vai movimentando como se fosse uma batedeira de bolo", explica. Outra diferença importante, diz, é o local atingido primeiramente, que é de cabeceira. "Aqui a lama ficou depositada em várias nascentes que abastecem o Paraopeba. Vai continuar descendo constantemente com a água."

O primeiro dia de expedição teve coleta em três pontos. Análises anteriores feitas pelo Estado apontavam que o local tinha qualidade de água em nível regular. Nesta quinta-feira, 31, já era ruim.

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