Brasil

OEA inicia investigação do caso Vladimir Herzog

A decisão abre caminho para se investigar as responsabilidade do Estado brasileiro no caso


	O jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, durante a ditadura militar
 (Divulgação)

O jornalista Vladimir Herzog foi assassinado em 1975, durante a ditadura militar (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de janeiro de 2013 às 10h16.

São Paulo - A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), admitiu oficialmente a investigação do caso do jornalista Vladimir Herzog, assassinado em 1975, durante a ditadura militar.

A decisão, tomada internamente em novembro e divulgada na terça-feira por familiares de Herzog, abre caminho para se investigar as responsabilidade do Estado brasileiro no caso.

O pedido de investigação tramita na OEA desde 2009. No ano passado, o governo brasileiro foi consultado pela instituição e tentou obstruir o processo. Mas os seus argumentos foram rejeitados, segundo Viviana Krsticevic, diretora executiva do Centro pela Justiça e o Direito Internacional, uma das três organizações de direitos humanos que, ao lado dos familiares, assinaram a petição à comissão.

O governo alegou que é impossível punir os responsáveis por causa da Lei da Anistia de 1979, que teria beneficiado também agentes de Estado acusados de violações de direitos humanos.

"A Comissão segue a jurisprudência da Corte Interamericana, que estabelece que são inadmissíveis disposições de anistia destinadas a impedir a investigação e a punição dos responsáveis por violações de direitos humanos, como a tortura, execuções sumárias, prisões e desaparecimentos forçados", disse Viviana.

O engenheiro Ivo Herzog, filho do jornalista assassinado e presidente do instituto que leva o nome do pai, disse que ele e sua família querem saber quem foram os responsáveis. "Essa decisão da comissão não favorece só minha família. Beneficia muitas famílias que vivem situações semelhantes", afirmou.

Nos próximos dias, as organizações peticionárias enviarão novos informes à OEA sobre o caso. No final, de acordo com os procedimentos normais, não haverá nenhuma responsabilização de pessoas. Mas poderão ser cobradas providências do Estado brasileiro para a melhoria de suas instituições e garantia de que se faça Justiça. Segundo Viviana, um dos alvos principais da análise é o Judiciário. 

Acompanhe tudo sobre:Direitos civisDitaduraOEA

Mais de Brasil

Trama golpista: defesas do 'núcleo 4' argumentam que denúncia da PGR não individualizou condutas

Brasil cai 21 posições no ranking do IDH quando se considera a desigualdade

Saiba como obter o Registro Profissional no Ministério do Trabalho

Brasil fica estagnado em educação no ranking de IDH, apesar de melhora na saúde e na renda