Brasil

ONG protesta na Semana de Moda do Rio contra falta de negros

Os militantes da rede Educafro protestavam pelo fato de o afrodescendente não ter seu espaço no mundo da moda e da arte em um país onde 51% da população é negra


	Grupo Educafro protesta na Semana de Moda do Rio nesta quarta-feira: os ativistas lembram que a reserva do casting dos desfiles para negros não foi respeitada
 (Antonio Scorza/AFP)

Grupo Educafro protesta na Semana de Moda do Rio nesta quarta-feira: os ativistas lembram que a reserva do casting dos desfiles para negros não foi respeitada (Antonio Scorza/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de novembro de 2012 às 08h16.

Rio de Janeiro - Um protesto contra a ausência de negros nas passarelas brasileiras marcou o primeiro dia da Semana de Moda do Rio de Janeiro, na noite desta quarta-feira.

Reivindicando o direito de participar mais ativamente não apenas do mundo da moda, mas das artes e da cultura em geral, ativistas com os corpos pintados ou vestidos com roupas étnicas chamaram a atenção dos que participavam do evento mais importante da moda carioca e um dos principais da América Latina.

Ao grito de "Somos um país de negros", os militantes da rede Educafro, organização que busca promover a inclusão da população negra e pobre no Brasil, protestavam pelo fato de o afrodescendente não ter seu espaço preservado em um país onde 51% da população é negra ou mulata.

"Temos uma carência enorme não só de negros, mas também de indígenas, pardos e das minorias como um todo nas artes. Queremos o direito de estar; estar nas universidades, nas passarelas, nos palcos... É muito claro como temos mais dificuldade de entrar no mercado pelo pouco espaço que nos dão", afirmou Marco Rocha, ator de 26 anos e integrante do grupo, que protesta nas Semanas de Moda do Rio e de São Paulo há sete anos.

Os ativistas lembram ainda que um acordo que previa uma reserva de pelo menos 10% do 'casting' dos desfiles para modelos de origem negra ou indígena, o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), não foi respeitado. O pacto foi firmado em 2009 entre o Ministério Público de São Paulo e a Luminosidade, empresa que organiza o Fashion Rio e a São Paulo Fashion Week, mas, segundo a Educafro, não há sinais de que a presença de negros tenha aumentado.

O estudante Renan de Carvalho, de 22 anos, defendeu que a manifestação tem como objetivo cobrar da sociedade melhores oportunidades para os negros.

"Queremos levar nossa situação para os olhos de quem quiser e de quem não quiser ver. Não vamos abaixar a cabeça. Nós, brasileiros, somos a segunda maior população negra do mundo, mas não temos nossos direitos garantidos", criticou.

Acompanhe tudo sobre:Desfiles de modaModaNegrosONGsPolítica no BrasilProtestos

Mais de Brasil

Recuperação da popularidade de Lula perde fôlego e reprovação chega a 40%, diz Datafolha

Itamaraty entrega a autoridades italianas pedido de extradição de Carla Zambelli

Moraes diz em julgamento no STF que redes sociais permitem ações 'criminosas' contra crianças

MP do governo prevê mudança em cargos da Receita Federal com custo de R$ 12,9 milhões por ano