Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 13 de maio de 2025 às 15h24.
Última atualização em 13 de maio de 2025 às 15h25.
As casas de apostas no Brasil estão no centro da investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado. Nesta terça-feira, 13, a influenciadora Virgínia Fonseca prestou depoimento no colegiado sobre a sua atuação como garota propaganda das empresas.
Os parlamentares investigam eventuais conexões entre as plataformas que operam o serviço de aposta e crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e associação criminosa, além de discutir a publicidade do setor.
A preocupação dos parlamentares é explicada por três grandes números que mostram o tamanho gigantesco do mercado de apostas no Brasil.
Operando no Brasil de 2018 até 2024 em uma zona cinzenta, as bets somente foram regulamentadas a partir de 2025. Durante esse processo imundaram o mercado publicitário brasileiro e atraíram parte da população brasileira.
Hoje, as bets patrocinam 18 dos 20 times da Série A, programas de entretenimento e influenciadores para atrair mais apostadores. Por ano, somente com patrocínio no futebol dos clubes da primeira divisão, as empresas gastam R$ 887 milhões.
Desde janeiro, apenas casas autorizadas pelo Ministério da Fazenda podem operar no Brasil, seguindo regras específicas e utilizando o domínio bet.br. Hoje, 72 empresas estão autorizadas, somando 156 marcas, além de outras 7 empresas que atuam por decisão judicial, ligadas a 18 marcas.
Um levantamento da consultoria Aposta Legal, mostra que nos três primeiros meses de 2025 os sites de bets registraram mais de 5 bilhões de acessos, o equivalente a mais de 650 acesso por segundo.
Para ter uma dimensão da quantidade, a frequência de visitas seria suficiente para encher o Maracanã, com seus mais de 78 mil lugares, em apenas 2 minutos.
Na comparação com o trimestre anterior, a média de acessoes saltou em 90%. Durante o segundo semestre de 2024, o volume de acessos às casas de apostas manteve-se relativamente estável, com 2,55 bilhões no terceiro trimestre e 2,66 bilhões no quarto.
Dados do Raio-X do investidor brasileiro, da Anbima, divulgado no fim de maio, mostrou que 23 milhões de brasileiros apostaram em 2024, cerca de 15% da população. Em 2023, eram 14%.
A aderência a bets no país é maior do que o de uso de muitos produtos de investimento, como títulos públicos e privados, fundos, ações, etc.
O levantamento mostrou ainda que 4 milhões consideram as apostas como investimentos e 3 milhões apresentam alta tendência ao vício.
Com o setor regulado a partir deste ano, o governo ainda não divulgou dados oficiais de quanto as casas de apostas movimentam por mês.
Estimativas apontaram que em 2023, antes da regulamentação, o setor movimentou R$ 120 bilhões por ano.
Segundo dados do Banco Central, entre janeiro e março de 2025, apostadores brasileiros movimentaram até R$ 30 bilhões por mês em bets. A Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) estima que 93% desse montante volta aos apostadores em forma de prêmios.
Sem dados públicos de faturamento, o único dado possível sobre o tamanho das casas no Brasil é a quantidade de acessos.
A Betano, patrocinadora do Brasileirão, é a casa com o maior volume de acesso no primeiro trimestre de 2025, com 1,1 bilhão de acessos — 357 milhões em janeiro, 332 milhões em fevereiro e 417 milhões em março.
A Superbet com 800 milhões de acessos no período, e a Bet365, com 300 milhões de acessos, completam o pódio.