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Pantanal fecha setembro com pior índice de queimadas desde 1998

De acordo com o Inpe, o Pantanal teve 18.259 focos de incêndio em 2020 até 30 de setembro. Número é 201% maior do que o mesmo período de 2019

Pantanal: os números do Inpe mostram que a situação não dá sinais de melhora (Amanda Perobelli/Reuters)

Pantanal: os números do Inpe mostram que a situação não dá sinais de melhora (Amanda Perobelli/Reuters)

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Reuters

Publicado em 1 de outubro de 2020 às 12h37.

Última atualização em 2 de outubro de 2020 às 19h35.

O Brasil fechou o mês de setembro com o pior registro de queimadas no Pantanal desde 1998, quando o Instituto Nacional de Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou seus registros, com 18.259 focos de incêndio acumulados desde o início de 2020 até 30 de setembro.

O número é 201% a mais que no mesmo período de 2019. Ainda com três meses para completar o ano, o número de focos de incêndio acumulados em 2020 já ultrapassa todos os anos anteriores completos, desde 1998. Em 2005, quando o Pantanal esteve em sua pior situação, as queimadas acumularam, em todo ano, 12.536 focos --45,6% menos que em nove meses de 2020.

Os números do Inpe mostram, ainda, que a situação não dá sinais de melhora. Na quarta-feira, dia 30, o número de focos ativos de incêndio era de 682, o maior desde o dia 14 de setembro.

Após uma rápida chuva na região no dia 19, o número de queimadas caiu, mas voltou a subir nos últimos dias do mês. De acordo com as previsões do Inpe, no entanto, a chuva só deve chegar com força ao Pantanal no final deste mês.

A combinação de um ano extremamente seco com acúmulo de vegetação seca é apontado pelo Ministério do Meio Ambiente como as causas do aumento abrupto de queimadas, que já consumiram cerca de 25% da área do Pantanal, destruindo áreas como o Parque das Águas, maior refúgio de onças pintadas do país.

No entanto, servidores do Ibama e do ICMBio, em condição de anonimato, disseram à Reuters que houve um atraso de três meses na contratação de brigadistas para o trabalho preventivo de combate aos riscos de queimadas, tanto no Pantanal quanto na Amazônia. O governo federal começou o envio de ajuda aos Estados apenas em agosto, quando o Pantanal já queimada há um mês.

Além disso, há suspeitas de incêndios propositais. A Polícia Federal investiga cinco fazendeiros com terras na região onde teriam sido iniciados alguns dos principais focos, que se espalharam pelo bioma.

De acordo com a PF, o local de início das queimadas seria em regiões inóspitas dentro das fazendas e em áreas de proteção próximas a pastagens. A suspeita da PF é que o fogo foi iniciado intencionalmente para ocupar as áreas de proteção e abrir novas pastagens e saiu de controle.

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