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Pantanal passa de 15 mil focos de incêndio, pior número desde 1998

A fauna nativa — uma das mais diversas do mundo, com 1.200 diferentes espécies de animais, 36 ameaçadas de extinção — é a que mais sofre

Pantanal: bioma chegou a 15.756 focos de incêndio neste ano (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Pantanal: bioma chegou a 15.756 focos de incêndio neste ano (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 17 de setembro de 2020 às 18h39.

Última atualização em 17 de setembro de 2020 às 19h10.

O Pantanal brasileiro chegou na quarta-feira a 15.756 focos de incêndio neste ano, o maior número de queimadas desde 1998, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) começou a registrar os números.

Comparado com 2005, o pior ano da série histórica até então para o período, o número de focos acumulados em 2020 é 56% maior.

Apenas nesta primeira metade do mês de setembro, o número de focos detectados pelo Inpe já é quase duas vezes maior do que em todo o mesmo mês de 2019. No acumulado de janeiro e 16 de setembro, os focos de incêndio aumentaram 208% ante igual período do ano passado, segundo o Inpe.

No meio dos incêndios, a fauna nativa — uma das mais diversas do mundo, com 1.200 diferentes espécies de animais, 36 ameaçadas de extinção — é a que mais sofre. Onças, cobras, macacos e até jacarés povoam as imagens do desastre ambiental causado pelo fogo. O biologista Rogério Rossi, da Universidade Federal do Mato Grosso, afirma que no mínimo 1.000 animais já morreram queimados.

O bioma tem batido recordes atrás de recordes de incêndios neste ano e a reação começou tarde. Apenas em agosto o governo federal tentou organizar uma reação e foram enviados aviões e contratados brigadistas para combater os incêndios.

O fogo já destruiu 15% da região, com 2,3 milhões de hectares no que é a maior área úmida do mundo. O fogo já destruiu um refúgio de araras-azuis, animal em extinção, e chegou às áreas de proteção de onças pintadas.

Em entrevistas, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, e o próprio presidente Jair Bolsonaro atribuem o desastre na região a uma combinação de fatores que seriam quase um acaso: uma seca mais forte que anos anteriores e um acúmulo de vegetação seca, que pegaria fogo mais facilmente.

Em agosto, Salles concordou com agricultores, durante uma visita a Poconé, que a proibição de queimadas controladas, que limparia o pasto seco, poderia ser uma das razões para o descontrole registrado neste ano.

A Polícia Federal, no entanto, investiga cinco fazendeiros da região por suspeita de terem iniciado propositalmente o fogo em zonas remotas, dentro de áreas de proteção ambiental, com objetivo de expandir as áreas de pastagem. Os cinco são donos de áreas onde os incêndios começaram.

O governo agora aposta nas chuvas para remediar a situação, ainda fora de controle. O período úmido, no entanto, começa mesmo a partir de novembro.

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