Brasil

Papável brasileiro convence com carisma e naturalidade

O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Pedro Scherer, de 63 anos, poderá se tornar o primeiro papa das Américas


	O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer comanda missa em Roma
 (AFP / Gabriel Bouys)

O arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer comanda missa em Roma (AFP / Gabriel Bouys)

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Da Redação

Publicado em 10 de março de 2013 às 17h58.

Roma - Vestido quase como um Papa - com mitra dourada e casula rosada - o papável brasileiro, cardeal Odilo Pedro Scherer, convenceu neste domingo, durante a missa que celebrou em uma igreja romana, com o dom de sua palavra, sua alegria e simplicidade.

O arcebispo de São Paulo, 63, acostumado a se dirigir a milhões de fiéis por comandar a maior diocese do mundo, poderá se tornar, esta semana, o primeiro Papa das Américas.

Dom Odilo tem muitos pontos a seu favor para se tornar o sucessor de Bento XVI: lida bem com a imprensa, é espontâneo, poliglota, tem sangue europeu e coração brasileiro.

Quando chegou, acompanhado de 20 religiosos, à igreja barroca de Santo André do Quirinale, uma das obras-primas da arquitetura, por sua cúpula suntuosa, Dom Odilo estava resplandecente.

"Acho que ele tem muitas chances de se tornar Papa", disse a jovem brasileira Bianca, que assistiu à missa com o filho.

"Para mim, ele se parece com Wojtyla (João Paulo II), tem o mesmo estilo, a mesma força. Oxalá seja eleito", comentou uma jovem italiana.

Mais de 200 pessoas, entre elas italianos e jornalistas, encheram o templo desenhado por Bernini, com suas colunas de mármore rosadas.

"É um momento muito bonito para a Igreja, todas as igrejas de Roma estão em festa pela presença dos cardeais. Convidamos os senhores a rezar pelo conclave", disse um sorridente dom Odilo, em um italiano perfeito, após saudar publicamente, em português, o embaixador do Brasil no Vaticano.


O cardeal, alinhado à postura de Bento XVI contra a Teologia da Libertação, é apontado pela imprensa italiana como candidato da influente Cúria Romana.

"É domingo da Quaresma, Deus é misericordioso com todos. É tempo de perdão, de reconciliação", disse, ao explicar a parábola de São Lucas, em tom claro, quase teatral.

"Queremos a paz. Sem reconciliação interna e social entre os povos e as culturas, não pode haver um futuro de fraternidade e paz para a humanidade", clamou, ao concluir a homilia, que poderá ser sua última como cardeal.

A imprensa italiana atribui a dom Odilo pelo menos 30 dos 77 votos necessários no conclave, que começa na próxima terça-feira, com a participação de 115 cardeais.

O cardeal, que conhece as engrenagens do Vaticano, tem bons amigos entre conservadores e progressistas, e, principalmente, é do Brasil, país emergente e com o maior número de católicos no mundo, um elemento que pesa neste momento, com o governo central da Igreja tão desprestigiado por causa de escândalos.

"Rezemos pela Igreja, que enfrenta dificuldades, rezemos pelo Papa emérito, Bento XVI, que guiou o povo de Deus com palavras e obras", pediu o cardeal brasileiro abertamente, enquanto um trio acompanhava a missa com música.


A sóbria missa multiétnica, com religiosos de várias nacionalidades, mas que não

desrespeitou os costumes, representa o que muitos hierarcas da Igreja desejam para o futuro desta instituição milenar: um equilíbrio entre o antigo e o moderno, entre a Europa e as Américas, que deixe para trás os escândalos e inicie uma nova era.

Ao fim da missa, dom Odilo chamou ao altar Carmine e Maria, um casal de idosos italianos, para abençoá-los.

"Completam 70 anos de casados. Que Deus os abençoe. Eu não havia nem nascido!", brincou. Ao se despedir, deixou transparecer o nervosismo: "Que Deus nos ajude, e bom domingo."

"Eminência, é verdade que o senhor é o papável número um?", perguntou uma jornalista da TV colombiana na saída de igreja. Dom Odilo se esquivou: "A missa foi muito bonita, não é?"

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