Brasil

Petição contra voto fatiado no mensalão é rejeitada

A decisão foi tomada no final da sessão de segunda e o argumento do presidente da casa, Ayres Britto, foi de que a discussão era "matéria vencida".


	O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto: o ministro relator da ação penal, Joaquim Barbosa, que propôs a forma fatiada de votação
 (José Cruz/Agência Brasil)

O presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto: o ministro relator da ação penal, Joaquim Barbosa, que propôs a forma fatiada de votação (José Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 23h48.

Brasília - Os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitaram uma petição apresentada nesta segunda-feira por advogados de defesa na ação penal do chamado mensalão contra o fatiamento da votação do processo, chamado pelos advogados de "segmentação alienígena".

A decisão foi tomada no final da sessão de segunda e o argumento do presidente da casa, Ayres Britto, foi de que a discussão era "matéria vencida".

O ministro relator da ação penal, Joaquim Barbosa, que propôs a forma fatiada de votação, também reagiu à polêmica gerada pela metodologia de leitura do voto após a sessão.

"É uma grande bobagem. Vocês perceberam, é um 'no issue', é assunto nenhum. É falta de assunto... Criou-se uma polêmica e eu me permiti dar boas risadas no final de semana", disse ele ao comentar reportagens sobre divergências entre eles e outros ministros no tribunal.

"O que eu quero dizer para vocês é: fica melhor assim ou faria sentido eu ficar aqui dias e dias lendo 1.200 páginas, para depois criar problemas no final?", questionou.

O ministro se irritou, inclusive, com a repercussão do assunto na imprensa. "Há muita intolerância neste país e para alguns periódicos deste pais incomoda muito minha presença neste tribunal." A entrega da petição foi feita pelos advogados José Carlos Dias e Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. Eles foram recebidos por um assessor do presidente da Corte, que a leu durante o intervalo da tarde.

A petição, capitaneada pelos advogados de São Paulo, entre eles o ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que representa o ex-executivo do Banco Rural José Roberto Salgado, reclamava que o formato de votação adotado, que apresentou na semana passada resistência de ministros da Corte, vai contra o "devido processo legal" e é uma "aberração".


A petição menciona também o que os advogados consideram ser privilégios do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que representa a acusação e, portanto, deveria estar no mesmo patamar que as defesas. Citaram que Gurgel recebeu o voto parcial lido pelo relator ao mesmo tempo que os demais ministros, enquanto a defesa só teve acesso ao voto horas mais tarde.

Os ministros garantiram que Gurgel não recebeu a cópia do voto e que nenhuma das partes iria ter acesso ao texto.

José Carlos Dias afirmou que esta foi a última tentativa dos advogados de defesa de questionar o formato. Na quinta-feira, ele foi à tribuna após o voto do relator para manifestar a indignação e a "perplexidade" da defesa com o formato escolhido por Barbosa, que acabou sendo acolhido pelos demais ministros.

A petição chega a citar a manifestação do ministro Marco Aurélio Mello, que chamou de "voto capenga" a metodologia escolhida, e o fato de que o fatiamento deve fazer com que o ministro Cezar Peluso vote apenas parte da ação, já que se aposenta compulsoriamente em 3 de setembro, quando completa 70 anos.

Outros advogados, entretanto, estão apresentando memoriais para rebater a acusação. Nesta segunda, a defesa de Ayanna Tenório, ex-dirigente do Banco Rural, encaminhou mais explicações aos ministros.

Acompanhe tudo sobre:JustiçaMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU