Agência de notícias
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10h43.
A Polícia Federal (PF) desmantelou uma organização criminosa que fraudava concursos públicos, incluindo o Concurso Nacional Unificado (CNU), cobrando até R$ 500 mil para garantir a aprovação de seus "clientes".
O grupo, composto por membros da mesma família, utilizava métodos como pontos eletrônicos, dublês e até o acesso antecipado aos gabaritos para garantir que os candidatos fossem aprovados nas provas.
As investigações indicaram que o grupo conseguia o gabarito de provas, como a do CNU 2024, uma hora antes da realização do exame. Em interceptações de mensagens, um dos membros da quadrilha instruía sua filha a "levar o rascunho das respostas" e "ler e apagar tudo" durante a prova. Após o término do exame, ele orientava a filha a desligar o celular e esperar as respostas da parte da tarde, que seriam passadas posteriormente.
Além disso, o grupo utilizava "dublês" para realizar a prova no lugar dos candidatos, que, por sua vez, pagavam a quantia exorbitante pela fraude. O valor pago pelos serviços variava, mas as mensagens interceptadas mencionavam o montante de R$ 500 mil para garantir a aprovação, dependendo da dificuldade do concurso e da necessidade de subornar seguranças e fiscais.
O líder da quadrilha é um ex-policial militar da Paraíba, expulso da corporação em 2021, com histórico criminal de roubo e uso de documentos falsos.
Ele foi responsável pela coordenação das atividades criminosas, com o apoio de seus familiares: dois irmãos e uma sobrinha. O grupo operava em Patos, interior da Paraíba, e já havia atuado em outros concursos, como os direcionados para bancos públicos e polícias militares.
A PF encontrou evidências de que os membros da quadrilha utilizavam uma estrutura hierarquizada e com vínculos de confiança para garantir o sucesso do esquema.
Um dos irmãos do líder era responsável por recrutar novos clientes e lavar o dinheiro da fraude por meio da compra de veículos. Outro irmão se encarregava de repassar os gabaritos aos candidatos, enquanto a sobrinha do líder também foi usada como exemplo de sucesso para atrair mais pessoas.
Durante a operação, o ex-policial foi preso após tentar obstruir as investigações. Ele se recusou a fornecer a senha de seu celular e apagou os aplicativos de mensagens, mas os peritos conseguiram extrair áudios nos quais ele discutia a "comissão" recebida pela aprovação em concursos, além de conversas sobre o custo das respostas.
A quadrilha utilizava até "dublês" para realizar as provas no lugar de candidatos, utilizando documentos falsos para garantir a aprovação. Para facilitar as transações financeiras, o grupo aceitava pagamentos em dinheiro, ouro, motocicletas e até tratamentos odontológicos de alto valor.
Além do núcleo familiar de Patos, a quadrilha tinha a colaboração de um policial militar ativo no Rio Grande do Norte, dono de uma clínica odontológica que ajudava a movimentar os recursos do grupo, e de um homem com um extenso histórico de fraudes em concursos públicos desde 2017, sendo um dos responsáveis por obter as respostas das provas.
As investigações continuam e o grupo será responsabilizado pelos crimes cometidos, com a Polícia Federal buscando identificar outros envolvidos na fraude.