Brasil

7 derrotas de Dilma Rousseff em menos de 1 mês

Presidente sofreu ao menos seis derrotas importantes por motivos diversos: disputa política com o Congresso, investigações da Lava Jato e até a falta de chuvas.

Presidente Dilma Rousseff: Dilma disse que a economia está passando por um momento de “transição”  (Ueslei Marcelino/Reuters)

Presidente Dilma Rousseff: Dilma disse que a economia está passando por um momento de “transição” (Ueslei Marcelino/Reuters)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 11 de fevereiro de 2015 às 14h45.

São Paulo – O início de 2015 não tem sido fácil para a presidente Dilma Rousseff (PT). Nos últimos 30 dias, a presidente sofreu ao menos sete derrotas importantes. Os motivos são diversos: disputa política com o Congresso, investigações da Operação Lava Jato e até a falta de chuvas têm dificultado a vida da presidente.

O último revés veio na noite de ontem, com a aprovação no Congresso da PEC do Orçamento Impositivo. A medida dará mais força aos parlamentares na hora de negociar com o governo e enfraquece a presidente em sua relação com o Legislativo.

Veja a seguir sete derrotas que Dilma enfrentou só no último mês:

1. O apagão em 11 estados e DF

O primeiro sinal de fumaça no segundo mandato de Dilma foi o apagão de energia que atingiu sete estados mais o Distrito Federal no dia 19 de janeiro. A interrupção no fornecimento de energia levantou questionamentos sobre a segurança energética do país.

Devido à seca, os reservatórios das hidrelétricas estão com um nível baixo de armazenamento. No dia seguinte ao blecaute, o Brasil passou a importar energia da vizinha Argentina.

A oposição não perdeu a oportunidade de criticar o governo, numa área cara à presidente – Dilma foi ela mesma ministra de Minas e Energia no governo Lula.

2. A eleição de Cunha na Câmara 

Treze dias após o apagão, Dilma já enfrentava novo revés com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) para a presidência da Câmara dos Deputados.

Apesar de seu partido compor a base aliada, Cunha já se posicionou como “independente” em relação ao Palácio do Planalto. Ele liderou o chamado “blocão”, grupo de parlamentares descontentes com o governo, e chegou a impor derrotas importantes à presidente.

A fim de evitar sua vitória, Dilma patrocinou a campanha de Arlindo Chinaglia (PT) para o cargo. Mas não deu certo. Eduardo Cunha foi eleito em primeiro turno e saio da eleição muito mais forte do que entrou.

Já o PT ficou sem cargos na mesa diretora da Casa, e saiu desmoralizado. O resultado final significará mais obstáculos quando o governo precisar negociar com o Congresso.

3. A saída de Graça Foster da Petrobras

Eduardo Cunha mal havia sentado na cadeira de presidente da Câmara quando Dilma sofreu mais um baque. No dia 4 de fevereiro, a presidente da Petrobras Maria das Graças Foster renunciou ao cargo, assim como outros cinco diretores da estatal.

A presidente Dilma nunca escondeu a simpatia que tinha pela executiva da Petrobras e segurou Graça Foster o quanto pôde no cargo, mesmo com as graves denúncias de corrupção envolvendo funcionários da empresa.

O resultado, de acordo com o cientista político Pedro Fassoni Arruda, foi uma saída onerosa. “Dilma poderia ter feito a demissão muito anteriormente, mas não fez. E isso acabou desgastando a imagem de Graça Foster”, afirma.

4. O PT na mira da Lava Jato

Não bastasse a eleição de Cunha e a saída de Graça, a presidente Dilma sofreu nova derrota naquela mesma semana.

No dia 5 de fevereiro, a Polícia Federal deflagrou mais uma fase da Operação Lava Jato e levou ninguém menos que o tesoureiro do PT para prestar esclarecimentos.

João Vaccari Neto foi ouvido em São Paulo, após ter sido citado por delatores durante as investigações. A suspeita é de que ele estivesse envolvido em esquema de pagamento de propina.

E teve mais. O depoimento de um dos delatores, o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, foi divulgado pela imprensa com denúncias perigosas contra o PT. Segundo Barusco, o partido teria recebido até 200 milhões de dólares em propina.

5. A popularidade da presidente em queda livre 

As notícias sobre a Lava Jato, aliadas às más perspectivas econômicas fizeram com que a aprovação à presidente despencasse. Uma pesquisa Datafolha divulgada no sábado (7) mostrou que 44% dos entrevistados consideravam o governo Dilma ruim ou péssimo. Em dezembro de 2014, esse índice era de 24%. Já os que consideram o governo ótimo ou bom caíram de 42% para 23%.

Outras perguntas do Datafolha mostram que a situação não podia estar pior para a mandatária: 47% dos entrevistados a consideram desonesta, 54% dizem que a presidente é falsa e 60% acham que ela mentiu na campanha eleitoral do ano passado.

6. Outra reforma política para o Brasil 

Outra questão para a presidente é a reforma política a ser discutida pela Câmara. O tema é caro ao PT e foi largamente explorado na campanha eleitoral de 2014.

Porém, o presidente da Câmara Eduardo Cunha deve colocar em votação uma reforma diferente do projeto defendido pelos petistas.

A principal discordância é o financiamento de campanha. Enquanto o partido de Dilma defende o fim do financiamento privado, o projeto que Cunha pretende levar à votação inclui este tipo de doação na Constituição.

O presidente do PT, Rui Falcão, avisou à bancada petista na Câmara que será expulso da sigla o deputado que votar a favor da proposta defendida por Cunha.

7. A aprovação do orçamento impositivo

A cereja do bolo na série de derrotas do governo veio na noite de ontem. A Câmara dos Deputados aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 358/13, que institui o chamado orçamento impositivo para as emendas individuais de parlamentares ao Orçamento Geral da União.

Isso significa que será obrigatória a execução de verbas destinadas por congressistas para seus redutos eleitorais – as chamadas emendas parlamentares.

A liberação dessas verbas era usada como moeda de troca entre Congresso e Executivo. Agora, o Planalto perde poder de barganha. A proposta foi bancada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que transformou a medida em uma de suas prioridades, impondo mais uma derrota ao Planalto.

Acompanhe tudo sobre:CongressoDilma RousseffOperação Lava JatoPartidos políticosPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos Trabalhadores

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU