Virgínia Fonseca: influenciadora tem mais de 53 milhões de seguidores no Instagram (Instagram/Divulgação)
Redação Exame
Publicado em 13 de maio de 2025 às 07h04.
Última atualização em 13 de maio de 2025 às 07h07.
A influenciadora digital Virgínia Fonseca é aguardada para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Bets nesta terça-feira, 13, no Senado. A comissão investiga o impacto das plataformas de apostas no orçamento das famílias brasileiras e as possíveis conexões dessas empresas com crimes financeiros, como lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Com mais de 53 milhões de seguidores no Instagram e contratos milionários com plataformas de apostas online, Virgínia é uma das figuras mais influentes no mercado digital brasileiro. Sua atuação chamou a atenção dos parlamentares, que buscam entender como essas campanhas publicitárias têm atraído novos apostadores.
A convocação da influenciadora foi feita pela relatora da CPI, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), em novembro de 2024.
“Virgínia desempenha um papel central na promoção de marcas e serviços, incluindo campanhas publicitárias relacionadas a jogos de azar e apostas online”, destacou a senadora no requerimento.
A CPI pretende esclarecer a influência dessas campanhas no comportamento do consumidor, além de investigar possíveis conflitos éticos e a necessidade de uma regulamentação mais rigorosa para o setor.
Além de sua atuação nas redes sociais, onde compartilha sua rotina com milhões de seguidores, Virgínia se consolidou como empresária. A influenciadora é fundadora da WePink, uma marca de cosméticos que faturou R$ 325 milhões em 2023, e também atua no segmento infantil com a Maria’s Baby, além de ter sua própria agência, a Talismã Digital. Essas frentes empresariais a colocaram na lista "Under 30" da Forbes Brasil.
Sua imagem, no entanto, já esteve associada a controvérsias. Virgínia já foi criticada por seus comentários considerados insensíveis, pelo excesso de publicidade em suas redes e pela falta de clareza nas postagens patrocinadas.
A convocação da influenciadora ganhou mais destaque após uma reportagem da Revista Piauí, em janeiro de 2024, que revelou detalhes de seu contrato com a plataforma Esportes da Sorte. Segundo a publicação, Virgínia teria recebido R$ 50 milhões em adiantamento e uma comissão de 30% sobre as perdas de apostadores que acessassem o site por meio de seu link.
Esse tipo de remuneração, que vincula o lucro da influenciadora às perdas financeiras de seus seguidores, gerou controvérsias. Virgínia encerrou o contrato com a Esportes da Sorte e assinou um novo com a Blaze, no valor de R$ 29 milhões anuais, mantendo a mesma modalidade de pagamento. Outros influenciadores, como Gkay e Carlinhos Maia, também receberam valores milionários de plataformas de apostas, gerando um debate sobre a ética de tais práticas no mercado publicitário.
O impacto dessas campanhas no comportamento do consumidor é um dos principais pontos que a CPI busca entender, além de avaliar como as plataformas de apostas digitais têm utilizado celebridades e influenciadores para atrair novos apostadores.
A CPI das Bets também convocou outras personalidades digitais, como o ex-BBB Felipe Prior, e solicitou ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) relatórios sobre operações suspeitas envolvendo influenciadores, como a advogada Deolane Bezerra, que foi presa em 2024 sob suspeita de envolvimento com apostas ilegais e lavagem de dinheiro.
Durante o depoimento, Virgínia deve ser questionada sobre os contratos que firmou com empresas de apostas, os critérios para divulgar essas marcas e o impacto de sua influência nas decisões de seus seguidores. O depoimento será obrigatório, já que a convocação foi formalmente aprovada pela CPI, mas a influenciadora pediu e obteve autorização do ministro Gilmar Mendes para permanecer em silêncio diante de perguntas que possam incriminá-la.
*Com agência O Globo.