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Presidente dos Correios atribui rombo na empresa a 'tentativa de privatização' do governo anterior

Questionado sobre sua permanência no cargo, Fabiano Silva respondeu que a decisão cabe ao presidente Lula e que foi cobrado sobre lucro da estatal

Agência o Globo
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Publicado em 31 de janeiro de 2025 às 12h23.

Última atualização em 31 de janeiro de 2025 às 12h28.

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O presidente dos Correios, Fabiano Silva, atribuiu nesta sexta-feira, 31, o déficit de R$ 3,2 bilhões registrado no ano passado pela estatal à tentativa de privatização da empresa sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

"Os resultados ainda não são os finais, tem números que podem ser melhores, com uma desempenho melhor. Era uma empresa que estava para ser privatizada e isso traz efeitos importantes para a empresa [...] Quando uma empresa é sucateada como ela foi para ser vendida, temos um trabalho grande para recuperar a empresa", disse em entrevista coletiva à jornalistas no Palácio do Planalto.

Durante seu governo, o ex-presidente Jair Bolsonaro reafirmou em diversas ocasiões que tinha a intenção de privatizar os Correios. Ao final de seu mandato, em agosto de 2022, Bolsonaro chegou a dizer que a venda da estatal de correspondências estaria "na reta".

Fabiano Silva e a ministra da Gestão e Inovação de Serviços Públicos se reuniram nesta sexta-feira com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio do Planalto para discutir a situação financeira da estatal.

"Estamos trabalhando para ter em um curto espaço de tempo um resultado lucrativo. Isso foi o que o presidente nos cobrou", afirmou o presidente dos Correios.

Questionado sobre sua permanência no cargo, Silva afirmou que cabe a Lula decidir. "Isso é algo que compete ao presidente e estou à disposição".

Além do processo de privatização, Fabiano diz que outros fatores como a volta da cobrança da "taxa das blusinhas" e o pagamento de ações perdidas na Justiça também impactaram negativamente o caixa da empresa.

Rombo de R$ 3,2 bi

Em 2024 até novembro, o Banco Central (BC) registrou um déficit primário de R$ 6 bilhões das empresas públicas federais, um recorde na série histórica, iniciada em dezembro de 2001. O dado considera apenas as estatais que não dependem do Tesouro Nacional, descontando ainda Petrobras, Eletrobras e as estatais financeiras.

O Ministério da Gestão faz a contabilidade com uma metodologia diferente, mas usando os dados das empresas consideradas pelo BC chega ao resultado deficitário de R$ 6,3 bilhões em 2024. Esse número é comparado a um déficit de apenas R$ 38 milhões em 2023 e a um superávit de R$ 1,9 bilhão no último ano do governo de Jair Bolsonaro.

A Gestão exclui da conta os investimentos com o PAC (R$ 1,9 bilhão) e o resultado da estatal de energia nuclear (ENBPar), que teve um déficit de R$ 463 milhões, conforme autorização da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO).

Assim, o resultado das estatais independentes chega a déficit de R$ 4,04 bilhões no ano passado, contra R$ 7,3 bilhões autorizado pelo LDO. Só o rombo dos Correios no ano passado foi de R$ 3,2 bilhões. Em 2023, o déficit foi de R$ 440 milhões, enquanto em 2022 houve superávit de R$ 186 milhões.

Além disso, a empresa teve prejuízo de R$ 2,1 bilhões em 2024 até setembro, último dado disponível. Essa é a métrica mais adequada para avaliar o desempenho de empresas.

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