Brasil

PSDB é intimado a explicar doações da Andrade Gutierrez a Aécio

O TSE atendeu a uma petição feita pelo PT em dezembro, dentro do processo que julga as prestações de contas da campanha do senador

Aécio: a solicitação foi feita depois que um executivo da empreiteira depôs no caso da chapa Dilma-Temer (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

Aécio: a solicitação foi feita depois que um executivo da empreiteira depôs no caso da chapa Dilma-Temer (Adriano Machado/Reuters/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 2 de março de 2017 às 17h41.

Última atualização em 2 de março de 2017 às 19h37.

O ministro Napoleão Maia, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou que o PSDB se manifeste sobre o depoimento do executivo Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da construtora Andrade Gutierrez, que disse ter feito doações não declaradas à campanha presidencial de Aécio Neves, em 2014.

O magistrado atendeu a uma petição feita pelo PT em dezembro, dentro do processo que julga as prestações de contas da campanha de Aécio Neves.

A solicitação do ministro do TSE foi feita depois de Azevedo, que é também um dos delatores na Operação Lava Jato, ter prestado depoimento dentro da ação que julga irregularidades da chapa Dilma-Temer, que é relatada pelo ministro Herman Benjamin.

Azevedo deu dois depoimentos a Benjamin, um em setembro e outro em novembro do ano passado. Na segunda oitiva, o executivo afirmou que as doações eleitorais feitas pela Andrade Gutierrez tanto à chapa Dilma-Temer como a Aécio Neves não estavam vinculadas a qualquer contrapartida nem ao pagamento de propina.

No entanto, Azevedo retificou o que havia dito anteriormente, afirmando que o valor total das doações da empresa à campanha de Aécio Neves foi de R$ 19 milhões, maior do que os R$ 12,6 milhões que constam no sistema do TSE, o que motivou a petição do PT e a ordem de esclarecimentos feito agora no processo que julga as contas do então candidato tucano.

No despacho datado de sexta-feira (24), Napoleão Maia deu o prazo de três dias para o PSDB explicar as declarações de Azevedo, contados a partir da notificação do partido.

A investigação de possíveis irregularidades nas contas da campanha de Aécio Neves foi determinada em agosto do ano passado pela ministra Maria Theresa de Assis Moura, então corregedora do TSE, após o PT denunciar aparentes inconsistências nas contas do candidato do PSDB à presidência.

À época, o PSDB disse que as alegações do PT eram "desprovidas de qualquer verdade" e que as denúncias tinham "nítido propósito político".

Nota de EXAME.com

Leia a íntegra da nota do PSDB nacional sobre o caso:

"O PT atua mais uma vez de má-fé para confundir a opinião pública. Não existe qualquer contradição nos depoimentos prestados pelo empresário Otávio Azevedo, da Andrade Gutierrez, em relação às doações da empresa feitas à campanha eleitoral do PSDB em 2014.

Conforme declarado junto ao TSE, a doação integral da empresa ao Comitê Financeiro Nacional do PSDB foi de R$ 19 milhões.

Desse total, R$ 12,7 milhões foram transferidos pelo comitê para a conta de campanha do candidato. O restante foi transferido para outros candidatos, partidos e comitês regionais dentro da estrutura da  campanha nacional.

Conforme a legislação vigente à época, as doações eleitorais de empresas podiam ser feitas diretamente à conta de campanha do candidato, aos comitês financeiros ou à direção nacional da legenda.

Seguem abaixo os recibos eleitorais relativos aos valores doados pela empresa Andrade Gutierrez ao comitê financeiro nacional.

DataValor
Direção NacionalCONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA01/08/2014C45000800000BR000018R$ 2.000.000,00
Direção NacionalCONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA08/08/2014C45000800000BR000028R$ 4.000.000,00
Direção NacionalCONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA20/08/2014C45000800000BR000047R$ 2.000.000,00
Direção NacionalCONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA29/08/2014C45000800000BR000067R$ 4.000.000,00
Direção NacionalCONSTRUTORA ANDRADE GUTIERREZ SA05/09/2014C45000800000BR000089R$ 7.000.000,00

Na resposta a ser apresentada ao TSE, o PSDB pedirá a condenação do PT por litigância de má-fé, em razão da apresentação de argumentos evidentemente contrários à verdade dos fatos, bem como por fazer uso de processo para fins exclusivamente políticos."

Acompanhe tudo sobre:Andrade GutierrezPSDBaecio-neves

Mais de Brasil

Não há ‘temas proibidos’ em conversa entre Lula e Trump, diz Alckmin

Presidente da Caixa deve defender bet do banco em reunião com Lula

Polícia Federal pode suspender emissão de passaportes por falta de verba

Deputados protocolam PEC da Reforma Administrativa