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Quanto ouro o Brasil tem (e por que não exploramos mais)?

País ocupa 12ª posição global em reservas totais, mas a produção despencou nos últimos anos após medidas contra o garimpo ilegal

A mineração industrial brasileira é dominada por empresas canadenses, que respondem por metade da produção nacional — cerca de 35 toneladas anuais. (Pixabay/Divulgação)

A mineração industrial brasileira é dominada por empresas canadenses, que respondem por metade da produção nacional — cerca de 35 toneladas anuais. (Pixabay/Divulgação)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 9 de outubro de 2025 às 06h46.

Os olhos do mundo se voltaram para o ouro nesta quarta-feira, 8, quando o metal atingiu pela primeira vez a marca de US$ 4.000 por onça.

No Brasil, a valorização histórica do ativo chama atenção para um paradoxo: o país tem grandes reservas, mas a produção está em queda nos últimos anos.

A alta de quase 50% no preço do metal em 12 meses reflete as compras em massa de bancos centrais ao redor do mundo, investidores atrás de ativos seguros, além da crise fiscal que atravessa os Estados Unidos.

Quanto ouro o Brasil tem?

Em 2024, o Brasil ocupava a 12ª posição no ranking mundial de reservas de ouro, com cerca de 329.732 toneladas, segundo o World Gold Council. O país ficou atrás de potências como China, Japão e Estados Unidos, mas à frente de nações como Itália, França e México.

Entretanto, apesar das reservas robustas, a produção brasileira tem ficado longe do protagonismo. Em 2024, o país extraiu apenas 83,7 toneladas do metal, ocupando a 15ª posição entre os maiores produtores mundiais.

Para efeito de comparação, a China lidera a extração com 380 toneladas anuais, seguida por Rússia (330 toneladas) e Austrália (284 toneladas).

Por que o Brasil não produz mais ouro?

De acordo com o Instituto Escolhas, a extração de ouro em garimpos registrados no Brasil caiu 45% em 2023, passando de 31 toneladas para 17 toneladas — uma perda de R$ 4,3 bilhões em receita.

Em 2024, a situação ficou ainda mais evidente. Nos primeiros sete meses do ano, a extração foi 84% menor do que no mesmo período de 2022, com a maior parte da queda concentrada no Pará, onde a produção despencou 98%.

Essa queda drástica é resultado direto das medidas do governo implementadas em 2023 para combater o garimpo ilegal.

As principais mudanças incluem a obrigatoriedade de notas fiscais eletrônicas e o fim da presunção de boa-fé, que permitia vender ouro sem comprovar origem legal.

Vale lembrar que a fiscalização foi intensificada após a crise humanitária no território Yanomami.

E, embora o aumento da burocracia, imagens de satélite indicam que a extração ilegal continua acontecendo. O ouro desviado é exportado por países vizinhos como Venezuela e Colômbia, onde as regras são mais frouxas, para depois seguir direção ao mercado internacional.

Paralelamente, a mineração industrial brasileira é dominada por empresas canadenses, que respondem por metade da produção nacional — cerca de 35 toneladas anuais.

A Kinross Gold lidera o setor no país, com 16,4 toneladas extraídas em 2023 na mina de Paracatu, em Minas Gerais. Entre as empresas brasileiras, a Vale é a segunda maior produtora, embora o ouro seja apenas um subproduto de suas operações de cobre no Pará.

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