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Racionamento deveria vir antes do uso de volume morto

Tempo e o custo das obras para a exploração da reserva adicional de 400 milhões m³ tornam racionamento uma medida mais simples para atual crise


	Um funcionário da Sabesp na barragem de Jaguary sem água, em Braganca Paulista
 (Nacho Doce/Reuters)

Um funcionário da Sabesp na barragem de Jaguary sem água, em Braganca Paulista (Nacho Doce/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 19h33.

São Paulo - Do ponto de vista técnico, a adoção de um racionamento de água na Grande São Paulo deveria ser anterior ao uso do volume morto (abaixo dos níveis mínimos operacionais) do Sistema Cantareira, avaliam especialistas em saneamento. O tempo e o custo das obras para a exploração da reserva adicional de 400 milhões de metros cúbicos (m3) tornam o racionamento uma medida tecnicamente mais simples para enfrentar a atual crise dos níveis de armazenamento de água nos reservatórios do principal sistema de abastecimento da Sabesp.

"Em condições normais, o racionamento ou rodízio do sistema de abastecimento é uma iniciativa anterior a essa (utilização do volume morto), o que significa que pode estar sendo pensada uma sequência de ações por parte da companhia", afirmou o presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes), Alceu Guérios Bittencourt. Para o coordenador de projetos do Consórcio PCJ (entidade que representa as demais cidades e empresas que dividem a outorga do Sistema Cantareira com a Sabesp), José Cezar Saad, ambas as medidas são emergenciais, mas considerando apenas o cenário técnico, o racionamento estaria em primeiro lugar.

Saad, no entanto, destaca a impopularidade de um eventual do rodízio no abastecimento. "O que é muito preocupante é que o racionamento é uma medida antipática e estamos em período eleitoral. A estiagem vai entrar da pauta de discussão dos candidatos e o governo está fazendo o possível para evitar (o racionamento)." Hoje, quando perguntado se ainda poderia descartar a possibilidade de racionamento, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirmou que um eventual rodízio de água na capital "é uma decisão técnica que está sendo monitorada dia a dia pela Sabesp. Nós vamos decidir mais para frente".

Impacto no resultado.

Além da sensibilidade política, a possibilidade de um racionamento pode pesar sobre o desempenho financeiro da Sabesp. A adoção de um sistema de rodízio deve, segundo analistas, ter um impacto negativo sobre o resultado da companhia superior ao estimado para o programa de descontos de até 30% nas tarifas dos consumidores que reduzirem o consumo em 20%. Segundo o analista do banco Safra, Sérgio Tamashiro, na ocasião de um racionamento, "os resultados do primeiro trimestre podem ser severamente afetados". Nesta segunda-feira, 24, o índice que mede o volume de água armazenado no Sistema Cantareira caiu para 16,9% da capacidade total dos reservatórios, pior nível já registrado.

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