Brasil

Rastreamento de câncer é oferecido apenas em oito estados

São 19 equipamentos distribuídos entre os oito estados. Nenhum no Norte e no Centro-Oeste


	PET-CT: os 19 equipamentos de reconhecimento de câncer estão distribuídos em oito estados. Nenhum no Norte e no Centro-Oeste
 (Marcelo Correa/Exame)

PET-CT: os 19 equipamentos de reconhecimento de câncer estão distribuídos em oito estados. Nenhum no Norte e no Centro-Oeste (Marcelo Correa/Exame)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de setembro de 2015 às 09h50.

São Paulo - Exame importante para rastreamento e acompanhamento de pacientes com câncer, o PET-CT só está disponível hoje em oito Estados brasileiros, conforme os dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) do Datasus.

A tecnologia começou a ser oferecida na rede pública no ano passado para quatro tipos de tumor - pulmão, colorretal, linfoma hodgkin e não-hodgkin - e com a promessa do Ministério da Saúde de que o equipamento estaria disponível em 21 Estados.

O número de aparelhos do tipo existentes hoje no SUS até chega perto desse número, mas a distribuição desigual pelo país faz com que o exame esteja disponível para poucos.

São 19 equipamentos distribuídos entre Bahia, Minas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, onde estão localizadas oito máquinas. Nenhum Estado de Norte e Centro-Oeste tem a tecnologia.

Presidente da Oncoguia, organização não-governamental de apoio a pacientes com câncer, Luciana Holtz explica que os próprios gestores de saúde de localidades sem o exame não sabem lidar com o paciente que precisa passar pelo procedimento.

"Já teve secretaria de saúde ligando para a gente para saber o que fazer. Não adianta dizer que está disponível na rede pública e não garantir o acesso universal e igualitário", afirma.

Moradora de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, a dona de casa Rosemeire Alves Campos de Oliveira, de 48 anos, foi informada pelo próprio médico que, embora ela tenha a necessidade de um PET, o SUS local não poderia oferecê-lo.

Diagnosticada com câncer de pulmão em março deste ano, a paciente recebeu o encaminhamento para pagar o exame em uma clínica particular.

"O médico me disse que, se me desse um encaminhamento do SUS, eu entraria na Justiça, obrigando o hospital a pagar, e ele ficaria 'queimado' lá. Foi quando minha família e uns conhecidos fizeram uma vaquinha", conta ela.

Com a participação de parentes, amigos e vizinhos, Rosemeire conseguiu juntar os R$ 4 mil necessários para fazer o exame na rede particular, mas, daqui a dois meses, terá de passar por um novo exame do tipo e não sabe o que fazer.

"Eu não tenho cara para pedir dinheiro para mais ninguém. E eu e meu marido ganhamos R$ 2 mil. Não dá para pagar", afirma. Segundo a dona de casa, o exame será imprescindível para saber se a quimioterapia está funcionando.

Agressividade

"O PET é importante porque consegue não só ver o tamanho do tumor, mas a sua atividade metabólica, ou seja, sua agressividade, além de fazer um rastreamento no corpo inteiro para ver possíveis metástases", explica Eduardo Nóbrega Pereira Lima, diretor do serviço de medicina nuclear e PET do A.C. Camargo Cancer Center, primeiro hospital a oferecer o procedimento no Brasil, em 2001.

Hoje, a unidade faz 350 exames do tipo por mês, dos quais 10% são pacientes do SUS, atendidos por meio de convênio com a rede pública.

O Ministério da Saúde informou que o SUS oferece outras tecnologias de imagem utilizadas para diagnóstico do câncer e para definição de sua localização e extensão (estadiamento), entre eles radiografia, mamografia, cintilografia, ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética.

A pasta não informou como um paciente com indicação de PET deve proceder se o aparelho não estiver disponível em seu Estado.

Sobre o caso de Rosemeire, a Secretaria Estadual da Saúde de Mato Grosso do Sul informou que Campo Grande está habilitada pelo ministério para a realização de PET-CT por meio de um convênio entre a secretaria municipal e uma instituição particular, mas disse que o caso de Rosemeire está sendo acompanhado pelo município. A Secretaria da Saúde de Campo Grande não respondeu aos questionamentos da reportagem.

Acompanhe tudo sobre:CâncerDoençasSaúdeSaúde no BrasilSUS

Mais de Brasil

Erika Hilton apresenta hoje proposta para acabar com escala 6x1

Sul sofrerá com onda de calor, enquanto 18 estados terão chuvas intensas nesta terça

Lula se reúne hoje com centrais sindicais falar do FGTS de quem optou por saque-aniversário

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular