Brasil

Relator do mensalão no STF inicia leitura de seu voto

Barbosa deve propor que os casos sejam analisados por núcleos, da mesma maneira que a Procuradoria-Geral da República repartiu sua denúncia


	Ministro Joaquim Barbosa: a proposta surpreendeu os colegas de Supremo, que davam como certo o voto do relator para cada um dos réus
 (José Cruz/Agência Brasil)

Ministro Joaquim Barbosa: a proposta surpreendeu os colegas de Supremo, que davam como certo o voto do relator para cada um dos réus (José Cruz/Agência Brasil)

DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2012 às 16h00.

Brasília - O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), iniciou na tarde desta quinta-feira a leitura das mais de mil páginas do seu voto, que poderá condenar ou absolver cada um dos 37 réus.

Ontem, o Supremo decidiu excluir da ação o empresário argentino Carlos Alberto Quaglia, dono da corretora Natimar, acusada pelo Ministério Público Federal de repassar recursos para integrantes do PP votarem a favor de projetos do governo Lula no Congresso. Ele teve seu direito a ampla defesa negado no curso da ação.

O colegiado reconheceu que houve um erro administrativo no processo: apesar de Quaglia ter informado quatro anos atrás que havia trocado de advogado na causa, a Corte estava enviando as notificações a dois defensores antigos dele. A ação, que vai correr de agora em diante na Justiça de primeira instância, recomeçará a partir da defesa prévia que ele tinha direito a apresentar em 2008.

Havia expectativa de que o voto de Joaquim Barbosa começasse a ser lido ontem, mas a Corte optou por concluir as 18 questões levantadas pelos advogados durante as defesas dos envolvidos no processo.

Sob o argumento de organizar a votação dos crimes atribuídos aos réus, Barbosa deve propor que os casos sejam analisados por núcleos, da mesma maneira que a Procuradoria-Geral da República repartiu sua denúncia. Ou seja, primeiro seriam analisados os casos do núcleo político - que inclui José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares -, depois, o núcleo operacional - comandado por Marcos Valério, e assim por diante.

A proposta surpreendeu os colegas de Supremo, que davam como certo o voto do relator para cada um dos réus. A proposta, porém, deve sofrer resistência porque pode atrasar ainda mais a conclusão do julgamento. Por essa fórmula, haveria, na prática, "minijulgamentos" para cada núcleo. Alguns ministros chegaram a apelar a Barbosa para que mudasse o formato do voto.

O ministro Cezar Peluso, que se aposenta compulsoriamente no dia 3 de setembro ao completar 70 anos, poderá ficar sem julgar todos os acusados de integrar o suposto esquema de compra de votos no Congresso durante o governo Lula. Por outro lado, teria a chance de anunciar sua decisão sobre figuras centrais do escândalo, como Dirceu. Peluso é considerado um magistrado "linha-dura".

Acompanhe tudo sobre:CorrupçãoEscândalosFraudesJustiçaMensalãoPolítica no BrasilSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Prefeitura de SP faz projeção de imagens em homenagem ao Papa Francisco

'Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula', diz deputado ao recusar cargo de ministro

Lula, Bolsonaro, Tarcísio, Michelle e Ciro: Paraná Pesquisas simula cenários das eleições de 2026