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Relembre a história de Juliana Marins, brasileira que morreu após queda no Monte Rinjani

Autópsia apontou que a publicitária de 26 anos morreu por trauma contuso após sofrer múltiplas fraturas e hemorragia interna; família ainda busca respostas sobre o que aconteceu

Agência o Globo
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Publicado em 28 de junho de 2025 às 09h41.

Mochileira e publicitária, Juliana Marins, de 26 anos, era uma niteroiense que parecia colecionar paisagens, fazer amigos por onde passava e acreditava que “as coisas sempre dariam certo”, segundo sua irmã, Mariana Marins.

Desde fevereiro, vivia o sonho de um mochilão pelo Sudeste Asiático, com passagens pelas Filipinas, Vietnã e Tailândia, sempre registrando as experiências nas redes sociais.

Na Indonésia, decidiu encarar a desafiadora trilha de três dias até o topo do Monte Rinjani, na ilha de Lombok, acompanhada por um guia local e outros cinco turistas. Mas não deu certo. Juliana caiu de um penhasco durante a caminhada e, após três dias à espera de socorro, seu corpo foi localizado por uma equipe de resgate, na terça-feira, 24.

Pai e irmã de Juliana Marins souberam de resultado de autópsia pela imprensa: 'Ninguém falou com a gente'.

Quem foi Juliana Martins

Formada em Publicidade e Propaganda pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com passagens profissionais por canais como Multishow e Canal Off, Juliana também se apresentava como dançarina de pole dance.

De espírito livre e muito expansiva, ela havia cursado por um breve período Direito na Universidade Federal de Uberlândia (UFU).

Mariana Marins, passou por dias de angústia em busca de notícias e de ajuda, mesmo a quilômetros de distância, para tentar salvar a irmã.

Após quatro dias, a equipe de resgate formada em grande parte por voluntários conseguiu recuperar o corpo de Juliana. E seu perfil do Instagram, Mariana publicou uma carta de despedida, acompanhada de fotos e comentários sobre a irmã:

"Você sempre esteve comigo em todos os momentos, inclusive nos piores deles. A gente sempre dizia que moveria montanhas uma pela outra, e daqui do Brasil, tentei mover uma lá na Indonésia por você. Desculpa não ter sido suficiente, irmã", escreveu.

Na carta, ela chama Juliana de “doidinha”, recorda que a ensinou a andar de bicicleta e a tocar violão, e relembra momentos juntas como madrinha de seu casamento.

"Você sempre foi a maior parceira do mundo, mesmo sendo avoadinha de tudo, sempre acreditando que todas as coisas sempre iam dar certo. E o pior: elas sempre davam certo!"

Em tom emocionado, Mariana também fala da dor de imaginar o futuro sem a irmã por perto:

"Outra coisa que tem me incomodado muito é que meus filhos não terão a tia Ju por perto. Seu relógio biológico bateu errado e você — semana sim, semana não — me pedia logo uma sobrinha. Você seria uma excelente tia. Seus sobrinhos vão saber tudo sobre você. Não se preocupe com isso. Mas eles não terão o privilégio de conviver com você. E isso tem acabado comigo. Como vou ser velha sem você? Como terei 60 anos sem você do meu lado? Quem usará um gorro de Natal comigo em qualquer dia de dezembro?".

A trilha e o acidente

Juliana decidiu enfrentar a trilha de três dias até o cume do Monte Rinjani, um vulcão ativo com 3.726 metros de altitude, na ilha de Lombok.

Ela integrava um grupo de turistas acompanhado por um guia local, Ali Musthofa, de 20 anos, que já havia subido a montanha dezenas de vezes desde novembro de 2023.

Durante a subida, segundo relatos da irmã Mariana Marins, Juliana se sentiu cansada e pediu para parar. O guia teria orientado o grupo a seguir em frente e combinado de esperar mais adiante. Em entrevista ao jornal O Globo, Ali confirmou que continuou por alguns minutos e voltou depois de perceber a demora de Juliana. “Fiquei três minutos à frente dela”, disse.

Pouco depois, Juliana caiu em uma área íngreme. Estimativas indicam que a queda foi de aproximadamente 300 metros. Ela ainda estaria viva, segundo vídeos registrados por turistas que passaram pelo local três horas depois do acidente. Um drone chegou a captar imagens dela imóvel, mas ainda em posição que sugeria sinais de vida. No dia seguinte, já havia deslizado ainda mais, a cerca de 650 metros da trilha principal.

A demora no resgate, segundo a família, foi crucial. Mariana conta que souberam do acidente pelas redes sociais. A comunicação oficial com as autoridades da Indonésia foi lenta, e os relatos sobre o abandono por parte do guia deixaram todos em estado de choque. "Ela foi deixada sozinha por mais de uma hora. Isso não poderia ter acontecido", disse Mariana ao Fantástico, da TV Globo.

Família ainda busca respostas

Além do luto, a família de Juliana agora tenta compreender o que deu errado — e por quê.

As imagens do drone, os relatos de testemunhas e a própria cronologia do resgate indicam que a jovem pode ter sobrevivido por muitas horas após a queda. As informações sobre a autópsia no corpo da brasileira Juliana Marins, de 26 anos, divulgadas nesta sexta-feira no Hospital Bali Mandara, em Denpasar, na Indonésia, no entanto, levantou ainda mais dúvidas.

De acordo com o médico legista Ida Bagus Alit, a causa da morte da brasileira foi trauma, com fraturas, lesões em órgãos internos e hemorragia intensa. Ele respondeu a perguntas sobre os ferimentos e o tempo estimado entre o trauma e o óbito. Ele detalhou tecnicamente os danos ao corpo, mas ainda não está claro qual das quedas provocou a morte, estimada por ele em cerca de 20 minutos após o trauma, nem o local exato onde isso ocorreu.

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