Lula: o Brics tem condições de liderar uma refundação do sistema multilateral de comércio e promover uma industrialização verde, alta tecnologia e segurança alimentar (Mauro Pimentel/AFP)
Repórter
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 11h58.
Última atualização em 8 de setembro de 2025 às 12h39.
Durante reunião virtual entre os líderes do Brics nesta segunda-feira, 8, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar o tarifaço imposto pelo governo dos Estados Unidos e reafirmou o compromisso com a preservação e o fortalecimento do multilateralismo.
Em discurso na abertura da conversa, Lula afirmou que as medidas de Donald Trump, presidente dos EUA, transformam em “letra morta” os princípios fundamentais do livre-comércio e interferem na soberania das nações. “A chantagem tarifária está sendo normalizada como instrumento para conquista de mercados e para interferir em questões domésticas.”
Durante a reunião, que contou com representantes de China, Rússia, Índia, África do Sul, Egito, Irã, Indonésia, Emirados Árabes Unidos e Etiópia, o presidente da República disse que a cooperação econômica e financeira entre os países do Brics oferece uma alternativa segura às pressões externas.
"O comércio e a integração financeira entre nossos países oferecem opção segura para mitigar os efeitos do protecionismo", afirmou o presidente.
Lula afirmou que o bloco representa 40% do PIB global, 26% do comércio internacional e quase 50% da população mundial, além de reunir grandes exportadores e consumidores de energia.
Segundo o presidente, o Brics tem condições de liderar uma refundação do sistema multilateral de comércio e promover uma industrialização verde, alta tecnologia e segurança alimentar.
Entre os principais temas debatidos durante a reunião estão a mudança do clima, saúde global e governança da inteligência artificial, além da integração econômico-comercial.
Lula propôs a criação de um Conselho de Mudança do Clima da ONU e lançou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre, para remunerar serviços ecossistêmicos prestados ao planeta.
De acordo com comunicado do Palácio do Planalto, o encontro também serviu para alinhar posições em relação à 80ª Assembleia Geral da ONU, à COP30 em Belém e à Cúpula do G20.
Ainda na reunião, Lula condenou o que chamou de genocídio na Faixa de Gaza e criticou a decisão de Israel em assumir o controle da região e a ameaça de anexação da Cisjordânia. O Brasil também decidiu participar da ação da África do Sul na Corte Internacional de Justiça e manteve o compromisso com a Solução de Dois Estados.
"O encontro no Alasca e seus desdobramentos em Washington são passos na direção correta para pôr fim a esse conflito", afirmou sobre a guerra entre Rússia e Ucrânia.
O presidente também citou a presença de tropas americanas no Mar do Caribe. “A presença de forças armadas da maior potência do mundo no Mar do Caribe é fator de tensão incompatível com a vocação pacífica da região”, concluiu.