Brasil

Rio enfrenta apagão de planejamento

Morte do Elevado da Perimetral, oficializada neste sábado, mudará o centro do Rio, com a possibilidade de mais engarrafamentos

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2014 às 09h15.

Rio - Sem volta, a morte do Elevado da Perimetral, oficializada neste sábado (25) com o fechamento do último trecho operacional da via, mudará o centro do Rio, com a possibilidade de mais engarrafamentos. A mudança se dá em meio ao caos vivido nos últimos anos pelas metrópoles brasileiras, que especialistas em urbanismo e mobilidade ouvidos pela reportagem atribuem à inexistência de planejamento público nas áreas de desenvolvimento urbano e transporte.

Agravada pela explosão de carros particulares que atravancam as ruas, estimulados pelas isenções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e pela gasolina barata, a aparente falta de estratégia do Estado deixa livres grandes empreiteiras, incorporadoras imobiliárias e empresários de ônibus para fazer o que quiserem, avaliam. A crise se aprofunda com as obras para a Copa e a Olimpíada.

"Planejamento e projeto foram desconstruídos nos níveis federal, estadual e municipal. Os governos ficaram sem estruturas permanentes de estudo, mas ganharam muito dinheiro, e os gestores passaram a tomar atitudes discricionárias. Um dia, o governante resolve fazer metrô em uma direção e faz. Em outro, acha que o automóvel no centro é ruim e o bane", diz o presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), Sérgio Magalhães.

O fim da Perimetral, pista elevada sobre a Avenida Rodrigues Alves, que liga as zonas norte e sul, se insere em um cenário em que os planos mudam rapidamente. Foi anunciado há meses, mas só no fim de 2013 a prefeitura avisou que provocaria mais mudanças além das previstas, como a mão dupla para veículos na Avenida Rio Branco, principal via do centro.

De acordo com o município, para viabilizar a novidade serão extintas mil vagas para automóvel na região, que deixará de receber 2,5 mil carros por dia.

Magalhães lembra que o Brasil tem 20 metrópoles, com cerca de 175 milhões de habitantes, e duas megacidades - São Paulo e Rio -, mas a lei brasileira trata da mesma forma um município com 2 mil habitantes e outro com 2 milhões.

"O Brasil aspira ser um país desenvolvido e respeitado, mas é o único em que a empreiteira contratada para a obra faz o projeto", critica. "O RDC (Regime Diferenciado de Contratação) é isso. Começou com Copa do Mundo, passou para a saúde, depois para a educação e agora tem um projeto no Congresso para tudo." O resultado dessa terceirização para empreiteiras, diz, é que "começa a existir um custo exagerado de qualquer obra". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:Cidadescidades-brasileirasMetrópoles globaismobilidade-urbanaRio de JaneiroTrânsitoTransportestransportes-no-brasil

Mais de Brasil

Governador gaúcho pede que populações deixem áreas de risco

Defesa Civil alerta para ventos fortes na faixa leste de São Paulo

AGU vai definir estratégia para contestação de derrubada do IOF

'Absurdo atrás de absurdo': irmã de Juliana Marins sobre divulgação de autópsia antes de laudo final