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São Silvestre tem protestos contra racismo e fantasias de super-herói

Nesta terça-feira, véspera de ano-novo, 35 mil pessoas participaram da 95ª edição de uma das mais famosas corridas de rua do mundo

São Silvestre: Com uma ultrapassagem nos segundos finais, o queniano Kibiwott Kandie venceu acorrida, com um tempo de 42 minutos e 59 segundos (Rovena Rosa/Agência Brasil)

São Silvestre: Com uma ultrapassagem nos segundos finais, o queniano Kibiwott Kandie venceu acorrida, com um tempo de 42 minutos e 59 segundos (Rovena Rosa/Agência Brasil)

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Clara Cerioni

Publicado em 31 de dezembro de 2019 às 11h30.

São Paulo —  Engana-se quem pensa que a tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, em São Paulo, é apenas um lugar para atletas. Nesta terça-feira, véspera de ano-novo, 35 mil pessoas participaram da 95ª edição de uma das mais famosas corridas de rua do mundo.

Entre corredores profissionais e amadores, a região da Avenida Paulista também foi palco para protestos, fantasias e carnaval antecipado.

O aposentado Jorge Rezende, de 60 anos, veio de Muritiba, interior da Bahia, não só para correr a São Silvestre, mas também para protestar contra o Judiciário. Segurando um cartaz com os dizeres “Justiça Brasileira, o Porto Seguro para os bandidos ricos”, Rezende afirmou que o cansaço de segurar a placa durante toda a corrida vale a pena pela força do protesto.

"Não desisto de carregar a placa durante acorrida. Vale a pena o sacrifício, e o brasileiro não desiste nunca.Infelizmente, estamos vivendo uma ditadura do Judiciário, que só beneficia os privilegiados. Só tem direito à Justiça quem tem dinheiro, quem não tem fica à mercê".

Já o empresário Luiz Carlos Moreira, de 65 anos,correu quatro São Silvestres como maratonista profissional na categoria elite,mas aproveitou este ano para protestar contra o racismo no esporte.

"Carrego essa faixa para dizer que a discriminação tem que acabar. O racismo no esporte é insano, um absurdo. Vim para mostrar que somos todos iguais. Até quando vai haver racismo?", questiona.

Além de palco para protestos, a São Silvestre também reuniu centenas de pessoas fantasiadas. É o caso de 17 amigas que vieram de Goiânia para o evento esportivo. Incentivavas pela corredora Miriam Cristina Rodrigues, de 49 anos, elas enxergaram na fantasia um empurrão para conseguir terminar todo o trecho, de 15km.

"É a minha sexta São Silvestre fantasiada. Já vim de Avatar, Minions, e já corri a maratona de Nova York vestida de Estátua da Liberdade", conta Miriam Cristina."Correr fantasiado é festa, é alegria, é arrepio o tempo todo. Posso me machucar, me esfolar, mas sempre chego. As pessoas criam essa expectativa em você e as crianças também vibram".

Pensar em incentivar a corrida infantil é a motivação do operador de produção Douglas Antunes Duarte, de 40 anos, e do motorista de ônibus Alfredo José dos Santos Júnior. A dupla, integrante do Super Corredores Cosplay de Sorocaba, no interior de São Paulo, veio fantasiada de super-heróis: Flash e Super-Homem.

"A roupa é um pouco quente, mas vale a pena. Nossa ideia é fazer a alegria da galera e também incentivar crianças em vulnerabilidade social a participarem", explica Júnior.

Os participantes largaram na altura do número 2000 da avenida Paulista, quase esquina com a rua Augusta, e percorreram 15 km entre ruas e avenidas do centro da capital. O trecho mais temido, segundo os participantes, foi a subida da avenida Brigadeiro Luís Antônio, quase na chegada

Neste ano, a São Silvestre largou uma hora mais cedo. Além disso, o número oficial de inscritos aumentou de 30 mil para 35 mil. Com uma ultrapassagem nos segundos finais, o queniano Kibiwott Kandie venceu acorrida, com um tempo de 42 minutos e 59 segundos.

O primeiro lugar do pódio feminino também foi do Quênia, representado pela atleta Brigid Kosgei, de 25 anos.

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