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Câmara de SP seria homem, branco e rico se fosse uma pessoa

Se o parlamento fosse representar uma pessoa, seria homem, com idade média de 54 anos, ensino superior completo, branco e renda superior a R$1,2 milhão


	Câmara Municipal de São Paulo: oito em cada dez vereadores têm Ensino Superior completo
 (Renatto de Sousa/CMSP)

Câmara Municipal de São Paulo: oito em cada dez vereadores têm Ensino Superior completo (Renatto de Sousa/CMSP)

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Da Redação

Publicado em 3 de outubro de 2016 às 17h43.

A população de São Paulo elegeu no domingo (2), os 55 novos vereadores para a Câmara da cidade. Se o parlamento pudesse representar uma pessoa da capital paulista, ela seria homem, com idade média de 54 anos, ensino superior completo, de etnia branca e com uma renda superior a R$1,2 milhão.

É uma realidade bem diferente da verdadeira cara de São Paulo, com seus mais de 11,2 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Na capital paulista, as mulheres são maioria e representam 52,64% da população. A renda per capita passa longe da casa dos seis zeros: R$ 1.516,21.

Os brancos representam seis em cada 10 cidadãos paulistanos. Negros e pardos são três e quanto mais periférico o bairro, mais fácil de achá-los.

Não tão fácil na Câmara, que elegeu apenas dois negros na sua nova composição. O novato Fernando Holiday, do Democratas, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), e o já vereador Reis, do partido Solidariedade.

Eles representam pouco mais de 3% do total de vereadores.Na Câmara, há ainda outros sete vereadores (12,72%) que se autodeclaram pardos. Somando as duas etnias, chegamos a 16% de representatividade, bem longe dos 80% dos vereadores brancos (44 vereadores).

O número de mulheres na Câmara chegou a crescer 45,4% de 2012 para 2016. Olhando apenas a porcentagem poderíamos dizer que é uma boa notícia.

Nem tanto. Passamos de seis vereadoras para 11 representantes femininas, em uma população com mais de 6 milhões de habitantes mulheres.

Nove em cada dez vozes na Câmara ainda são masculinas. Se juntas elas formassem uma bancada ou um partido, não seriam nem o maior. O PSDB, do prefeito eleito João Doria, elegeu 11 vereadores.

Da média paulistana que paga aluguel, não tem carro, carrega bilhete único e que, na maioria das vezes, a poupança no banco só serve de enfeite, só temos três vereadores que "poderiam" se assemelhar a esse cenário.

Fernando Holiday (DEM), Sâmia Bonfim (PSOL) e André Santos (PRB) não declararam nenhum patrimônio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Fora o trio, temos verdadeiros milionários no comando da cidade. Do total de vereadores, 23 (41%) deles têm um patrimônio superior a R$ 1 milhão. Outros 14 vereadores têm até R$ 500 mil acumulados. Os pré-milionários (com uma renda entre R$ 500 mil e R$ 1 milhão) somam 15 vereadores (27,2%).

Outro dado importante é que de oito em cada dez vereadores têm Ensino Superior Completo. Apenas uma vereadora, Noemi Nonato, do PR, não conseguiu completar o Ensino Fundamental. Outros cinco deles (9,09%) pararam os estudos no Ensino Médio.

E não foi por falta de renovação que a Câmara não mudou sua cara de homem branco, milionáro e de meia idade. Dos 55 vereadores, 22 deles vão estrear seu primeiro mandato em 2017. Seria número suficiente para aumentar a diversidade, com mais mulheres, mais negros e representantes LGBT. A chance, agora, só em 2020.

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