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Seade: SP pode liderar indústria do carro híbrido flex, mas precisa superar dependência de insumos

Motores, peças e componentes, particularmente eletrônicos estão cada vez mais "comoditizados" e cria desafios para o setor automobilístico do estado, diz análise da Fundação 

O chamado híbrido flex combina motores a combustão e elétricos e "vem se consolidando "como uma alternativa estratégica para as montadoras atenderem às necessidades do mercado brasileiro", diz a Seade (REUTERS/Nacho Doce)

O chamado híbrido flex combina motores a combustão e elétricos e "vem se consolidando "como uma alternativa estratégica para as montadoras atenderem às necessidades do mercado brasileiro", diz a Seade (REUTERS/Nacho Doce)

Publicado em 2 de março de 2025 às 13h01.

São Paulo tem uma posição estratégica na adoção e desenvolvimento do carro híbrido flex, de acordo com estudo que acaba de ser divulgado pela Fundação Seade.

indústria automobilística do estado vem sendo impactada pelas transformações estruturais que o setor está passando a nível global e tem perspectiva de vultuosos investimentos, especialmente em modelos de veículos mais eficientes do ponto de vista energético, diz o Sistema Estadual de Análise de Dados.

O levantamento atualiza a análise feita em 2020 pelo órgão que mostrava uma reestruturação do mercado diante do fechamento de fábricas de automóveis.

De lá para cá, segundo a Fundação Seade, houve uma ampliação da participação de veículos eletrificados no mercado brasileiro em função da comercialização de veículos importados nos últimos anos.

Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) mostram que, em 2023, o segmento de veículos eletrificados (elétricos, híbridos e híbridos plug-in), alinhado à tendência internacional, cresceu e atingiu 4,3% do mercado nacional, superando até os automóveis a gasolina, que reduziram sua participação de 5,3% em 2013 para 2,8% no mesmo período.

O estudo observa que a adoção de alternativas de baixo carbono no setor de transportes decorre principalmente do fato de o Brasil dispor da tecnologia flex, consolidada há mais de duas décadas.

"As próprias montadoras estrangeiras instaladas no Brasil vêm projetando em seus portfólios de investimentos alocação de recursos para o desenvolvimento de tecnologias de descarbonização
de veículos. Atenção especial tem sido dada à tecnologia bio-híbrida que combina o uso do etanol com baterias elétricas, produzindo o veículo híbrido flex (elétrico/etanol), como forma de ampliar sua participação no mercado nacional", diz um trecho do relatório.

Potencial da indústria automotiva paulista na transição energética

Nessa trajetória, ganha destaque o estado de São Paulo ao abrigar, por exemplo, a montadora japonesa Toyota, identificada como pioneira na produção nacional do carro híbrido flex.

Além disso, iniciativas governamentais, como o Programa Mover e do Combustível do Futuro, fizeram com que as montadoras estrangeiras, que inicialmente resistiam à produção local de veículos híbridos, passassem a considerar a tecnologia, especialmente no segundo semestre de 2024.

O chamado híbrido flex combina motores a combustão e elétricos e vem se consolidando "como uma alternativa estratégica para as montadoras atenderem às necessidades do mercado brasileiro, promovendo uma transição viável rumo à eletrificação e ampliando a competitividade do setor automotivo no país", aponta a Seade.

Para o período de 2021 a 2030, esses investimentos somam R$ 92,05 bilhões, dos quais 51% estão concentrados em montadoras localizadas no estado de São Paulo. Entre as 11 montadoras estrangeiras atuantes no país, seis instaladas no parque automotivo paulista já demonstraram interesse na produção de veículos híbridos.

A análise aponta que além de ter o maior parque industrial automotivo do Brasil, São Paulo também tem uma posição estratégica na produção e inovação no desenvolvimento de biocombustíveis.

"Essa combinação de fatores cria oportunidades para o Estado se consolidar como líder na produção de veículos híbridos flex, atraindo investimentos e gerando empregos qualificados", afirmam os pesquisadores da Seade.

O estudo adverte que há desafios a serem superados para São Paulo liderar esse ciclo de investimento do setor e ressalta que eles não são triviais.

Há uma dependência da importação de componentes eletrônicos, diz o documento da Seade, assim como a necessidade de infraestrutura para suporte à mobilidade elétrica e a competitividade global, com a forte presença de montadoras chinesas, são obstáculos que precisam ser superados.

Os pesquisadores apontam ainda que a política de incentivos fiscais precisa equilibrar os interesses das montadoras tradicionais e das novas entrantes no mercado brasileiro. A relação entre salários e o Valor Bruto da Produção (VBP) no setor automobilístico paulista caiu de 11,7% em 2020 para 7,7% em 2022, enquanto nos demais estados a redução foi menor, de 7,8% para 5,7%.

"Para São Paulo aproveitar ao máximo o seu potencial de desenvolvimento no setor automobilístico, o Estado poderia adotar uma postura mais ativa e cooperativa no contexto das políticas industriais em curso no país, de maneira a explorar as inovações tecnológicas e as novas competências presentes nesse cenário de transição energética", sugere o estudo.

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