Brasil

Sem mudanças, Lava Jato é enxugar gelo, diz Deltan

"Não dá para adotarmos a teoria da maçã podre, que para resolver bastaria tirar a maçã podre do cesto", disse procurador

 (Wilson Dias/Agência Brasil)

(Wilson Dias/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de agosto de 2017 às 10h27.

Campos do Jordão - A Operação Lava Jato é apenas o primeiro passo, mas serão necessários passos adicionais, disse há pouco o procurador da República e membro da força-tarefa da Lava Jato no Ministério Público Federal no Paraná, Deltan Dallagnol.

"Sem mudanças mais profundas, a Lava Jato é enxugar gelo. Não dá para adotarmos a teoria da maçã podre, que para resolver bastaria tirar a maçã podre do cesto", disse, em palestra no Congresso Internacional de Mercados Financeiros e de Capitais, organizado pela B3.

O procurador afirmou que a impunidade não pode continuar sendo regra no Brasil e que o crime de corrupção precisa ser desestimulado. Segundo ele, a corrupção leva à ilusão de democracia forte, visto que, na prática, no Brasil, o candidato que arrecada mais para se eleger não raramente é aquele que arrecada por propinas, disse Dallagnol. "Políticos utilizam fontes de arrecadação paralela e tendemos a eleger quem é mais corrupto", destaca. "A corrupção desnivela o campo democrático e traz ilusão de estabilidade", completa.

Ele afirma, ainda, que neste momento no Brasil todos querem estabilidade política, em busca da estabilidade econômica. "Mas essa estabilidade é falsa", diz.

Dallagnol defende que é preciso mudanças nas regras políticas no Brasil, como a diminuição dos custos de campanha, redução do número de partidos e, assim, de candidatos, isso tudo como forma de tornar o sistema de presidencialismo viável.

O procurador criticou a proposta do "Distritão", que irá encarecer, segundo ele, ainda mais as campanhas, favorecer os candidatos muito conhecidos e, no final, manter a situação como está.

Ainda no evento, rebateu que atividade econômica brasileira é prejudicada pela corrupção e não pela Lava Jato. "Culpar a Lava Jato por danos econômicos é como culpar um policial por encontrar um cadáver. Existe uma correlação inversa entre corrupção e eficiência do governo".

Acompanhe tudo sobre:crime-no-brasilJustiçaOperação Lava Jato

Mais de Brasil

Lula anuncia pagamento do Pé-de-Meia e gratuidade dos 41 remédios do Farmácia Popular

Denúncia da PGR contra Bolsonaro apresenta ‘aparente articulação para golpe de Estado’, diz Barroso

Mudança em lei de concessões está próxima de ser fechada com o Congresso, diz Haddad

Governo de São Paulo inicia extinção da EMTU