Brasil

Senado adia votação sobre isenção do Imposto de Renda até R$ 5 mil

Senador Izalci Lucas (PL-DF) apresentou pedido de vista, o que suspende temporariamente a tramitação do projeto

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 23 de setembro de 2025 às 12h00.

A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado adiou nesta terça-feira a votação do projeto relatado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL) que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais. O senador Izalci Lucas (PL-DF) apresentou pedido de vista, o que suspende temporariamente a tramitação.

O projeto em debate

A proposta, que tem caráter terminativo, retoma um projeto apresentado em 2019 pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM), mas que havia ficado engavetado até Renan assumir a presidência da CAE no começo deste ano. Ao avocar a relatoria, o emedebista apresentou uma nova versão que prevê alíquota zero para rendimentos de até R$ 5 mil, beneficiando cerca de 12,3 milhões de contribuintes.

O texto também cria descontos regressivos para rendas entre R$ 5.001 e R$ 7.000 e estabelece uma tributação adicional para altas rendas: até 10% para ganhos anuais entre R$ 600 mil e R$ 1,2 milhão e 10% fixos para rendimentos superiores a esse valor.

"É importante lembrar que o governo enviou à Câmara, ainda em março, o projeto que trata da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e até agora ele não foi pautado. Por isso trazemos à apreciação do Senado um conjunto de medidas que expressam essa concepção original", disse Renan.

Disputa entre Renan e Lira

A movimentação no Senado ocorre em paralelo à tramitação de um projeto semelhante na Câmara, relatado pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) e aprovado em comissão especial em julho. Apesar de ter tido urgência aprovada, a proposta não foi levada ao plenário.

"Pesquisas mostram que 85% da população apoia a isenção. Lamentavelmente, essa proposta tem sido usada como moeda de troca para se colocar outros temas na pauta do Congresso Nacional", afirmou Renan.

Ele também criticou a postura do governo:

"Os métodos do Arthur Lira não me surpreendem. O que me surpreende é o governo participar desse processo de chantagem. Não tem articulação política, não tem agenda. A isenção do Imposto de Renda até 5 mil reais foi transformada em instrumento de chantagem contra o próprio governo", disse ao GLOBO na semana passada.

Ao pautar a proposta na CAE, Renan se coloca como protagonista em um dos principais debates da agenda econômica de 2025, considerado prioritário pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e marca território na disputa política com o adversário alagoano.

O impasse na Câmara

Na Câmara, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta semana que a votação deve ficar para a próxima semana.

"Convocamos o deputado Arthur para ir ao colégio de líderes esta semana explicar o seu relatório, para que possamos ter uma posição sobre a pauta e, se possível, levá-la à votação na próxima semana", disse Motta.

O deputado ressaltou que há consenso sobre a importância do tema, mas defendeu mais tempo para amadurecer o texto em meio ao clima político tenso.

"Essa pauta é importante e penso que no seu amadurecimento ela chega ao momento de ir ao plenário. Todos que analisam a realidade econômica percebem que o trabalho realizado na comissão já foi precificado. Estando maduro, tenho vontade de levar já na próxima semana", afirmou.

Arthur Lira também destacou que o texto exigirá um amplo debate no plenário.

"Vai haver um debate muito intenso com relação à forma, valores e condições da compensação da isenção do IR. O governo tem que estar preparado e os partidos têm que ter responsabilidade com as votações. Não temos vaidade em relação ao relatório", disse o deputado.

Impactos da proposta

Tanto a versão do Senado quanto a da Câmara elevam a faixa de isenção para R$ 5 mil, frente aos atuais R$ 3.036 (equivalente a dois salários mínimos). Além disso, ambas preveem descontos parciais até R$ 7.350 e a criação de um imposto mínimo progressivo sobre altas rendas, como forma de compensar a perda de arrecadação.

A proposta relatada por Lira precisa ser aprovada até 31 de dezembro para entrar em vigor em 2026.

Integrantes do governo afirmam que a demora na Câmara está ligada ao ambiente político conflagrado. Ainda assim, o Ministério da Fazenda considera que a “espinha dorsal” da proposta está preservada e pronta para votação, bastando apenas que haja condições políticas.

 

Acompanhe tudo sobre:Imposto de Renda 2025Senado Federal

Mais de Brasil

Oficial de Justiça tenta notificar Eduardo Bolsonaro, mas é informado que ele está nos EUA

Relator apresenta parecer pela rejeição da PEC da Blindagem em comissão do Senado

Governo de SP vai usar detentos do semiaberto para limpeza de ruas após fortes chuvas e vendaval

Governo dos EUA afirma que dois milhões de imigrantes ilegais já deixaram o país