Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao lado de Jorge Messias, agora indicado ao STF Ortigueira - PR Foto: Ricardo Stuckert / PR (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)
Repórter
Publicado em 25 de novembro de 2025 às 17h02.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), agendou para 10 de dezembro a sabatina de Jorge Messias, atual advogado-geral da União e indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF). A votação em plenário deve ocorrer no mesmo dia.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o senador Weverton Rocha (PDT-MA) foi designado relator da indicação. Rocha é aliado de Alcolumbre, que também preside a CCJ.
"Dentro do rito natural de apreciação de autoridades, quero esclarecer sobre a indicação do presidente Lula. Tomei conhecimento pela imprensa da decisão do governo, com um Diário Oficial extra informando a decisão institucional de indicar Jorge Messias para esta vaga", declarou Alcolumbre.
"Tendo conhecimento, conversei com o senador Otto Alencar (PSD-BA), a quem cabe a CCJ. Estabelecemos um calendário para sabatina e deliberação da autoridade na CCJ e depois no plenário do Senado. A mensagem será lida no dia 3 dezembro. No dia 10 faremos a sabatina na CCJ e a deliberação no plenário do Senado".
A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) gerou tensão entre o Palácio do Planalto e o Senado. O nome preferido do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), e de grande parte dos senadores era o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG). A situação se agravou com o fato de Alcolumbre não ter sido comunicado previamente sobre a escolha, anunciada na quinta-feira, o que ampliou seu desconforto com o governo.
Em seguida, Jorge Messias divulgou uma carta endereçada a Alcolumbre, na qual afirma ser seu “dever” se colocar à disposição para o processo de sabatina. No texto, o indicado relembra sua trajetória no Senado, onde atuou anos atrás sob acolhimento do atual presidente da Casa.
Em resposta, o senador Davi Alcolumbre (União-AP) garantiu que a Casa procederia com a análise da indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF) "no momento oportuno".
Natural de Pernambuco, Jorge Rodrigo Araújo Messias tem 45 anos e é procurador da Fazenda Nacional desde 2007.
Messias foi subchefe para Assuntos Jurídicos da Presidência da República durante o governo Dilma Rousseff, secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior do Ministério da Educação e consultor jurídico dos ministérios da Educação e da Ciência, Tecnologia e Inovação.
O indicado por Lula também atuou como procurador do Banco Central e do BNDES.
Messias graduado em Direito pela Faculdade de Direito do Recife (UFPE) e mestre e doutor pela Universidade de Brasília (UnB).
Ao assumir a AGU, Messias indicou que a defesa da Democracia e do meio ambiente seriam as bandeiras da sua gestão. O ministro criou no primeiro mês a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia e a Procuradoria Nacional da União de Defesa do Meio Ambiente e do Clima.
Entre os principais acordos fechados está a repactuação do acordo com as mineradoras Samarco, Vale e BHP para ressarcimento das vítimas do rompimento da barragem do Fundão em Mariana, Minas Gerais, além da natureza atingida na Bacia do Rio Doce. A AGU intermediou um novo acordo de R$ 170 bilhões.
Em 2024, a AGU também encerrou uma disputa de 40 anos para o reconhecimento e titulação dos territórios quilombolas em Alcântara (MA) e o desenvolvimento do programa espacial brasileiro, em setembro.
A Advocacia também teve vitória com o reconhecimento da inconstitucionalidade de uma lei do Rio Grande do Sul, que assegurava o direito ao porte de arma de fogo para todos os servidores ativos do Instituto-Geral de Perícias do estado.
Em outra frente, a AGU ajuizou 17 ações conta réus dos atos antidemocráticos de janeiro de 2023. Os processos cobraram R$ 56 milhões em reparação por danos causados à União.
Também foram ajuizadas 660 ações contra crimes ambientais, buscando mais de R$ 2 bilhões em reparações. Destaque para a inédita ação por danos climáticos, ajuizada em setembro.
Neste ano, a AGU atuou no plano de ressarcimento de beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) vítimas de descontos associativos indevidos.
O órgão também realizou a contratação de um escritório de advocacia nos Estados Unidos para tentar revogar as sanções e tarifas impostos pelo governo do presidente Donald Trump.
Caso tenha seu nome aprovado no Senado, Messias poderá ficar no Supremo por até 31 anos. A regra atual é de aposentadoria compulsória quando o ministro completa 75 anos.