De acordo com a prefeitura, o programa segue rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), descartando imagens não relacionadas a investigações. (Reprodução/PMSP)
Colaboradora
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 17h14.
O Programa Smart Sampa atingiu a marca de 2 mil foragidos da Justiça capturados em menos de dois anos de operação, segundo a Prefeitura de São Paulo.
O sistema de videomonitoramento com inteligência artificial registrou o número nesta quinta-feira, 2, consolidando-se como a maior iniciativa do tipo na América Latina.
Inaugurada em julho de 2024, a central de monitoramento utiliza 40 mil câmeras equipadas com reconhecimento facial para identificar procurados, veículos roubados e pessoas desaparecidas.
Com isso, o programa já resultou em 3.245 prisões em flagrante e recuperação de 466 veículos.
Além do número expressivo, os vídeos realizados pela ferramenta viraram atrativos nas redes sociais, resultando em repercussões generalizadas. E, embora a situação gere debates sobre privacidade, pesquisas internas da prefeitura indicam que mais de 90% da população tem aprovado a iniciativa.
Entre os episódios que ganharam repercussão está a prisão de Fábio de Assis da Costa, de 45 anos, na última segunda-feira, 29.
Condenado por estupro de vulnerável, ele estava fugitivo há mais de um ano e foi identificado pelas câmeras ao entrar em uma unidade de saúde no bairro Morro Doce, na zona norte.
O sistema reconheceu o foragido mesmo com boné e óculos de sol, graças à análise de pontos biométricos como distância entre os olhos e formato da mandíbula. Segundo a prefeitura, a tecnologia de reconhecimento facial opera com 92% de precisão.
Outro caso que chamou atenção envolveu a captura de Kaique Lucas da Silva, de 23 anos, condenado por roubo qualificado. Ele foi identificado enquanto caminhava no Bom Retiro, na região central. Além disso, o programa também se destacou na prisão de criminosos internacionais.
Lin Xianbin, integrante de uma máfia chinesa, e Sunny Okoro Ogbonnausava, foragido sul-africano, foram capturados com apoio do sistema. De acordo com as autoridades, 30% dos foragidos presos cometeram crimes fora de São Paulo, indicando o alcance nacional da iniciativa.
Somente em 2025, foram registradas 1.684 prisões de foragidos, uma média de cinco por dia.
O programa também localizou 90 pessoas desaparecidas em parceria com a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania.
O Smart Sampa é coordenado pela Secretaria Municipal de Segurança Urbana e opera com 20 mil câmeras públicas e 20 mil privadas.
As câmeras particulares foram integradas após um chamamento público lançado em julho de 2024, que permitiu a adesão de residências, condomínios e comércios.
A central de monitoramento funciona 24 horas com cerca de 250 agentes da Guarda Civil Metropolitana e Defesa Civil. Localizado na Rua Quinze de Novembro, no Centro Histórico, o prédio conta com quatro andares e inclui sala de operações com acesso restrito.
A inteligência artificial analisa as imagens em tempo real e cruza informações com bancos de dados da Secretaria de Segurança Pública estadual e outros órgãos.
Quando um foragido é identificado, o sistema envia alerta georreferenciado à viatura da GCM mais próxima.
Geralmente, o tempo médio de resposta é inferior a 10 minutos.
Além do reconhecimento facial, o programa também identifica placas de veículos roubados ou adulterados e detecta atos como vandalismo, tráfico de drogas e descarte irregular de lixo. Drones podem completar o monitoramento aéreo em situações específicas.
O contrato com o consórcio Smart City SP, assinado em 7 de agosto de 2023, tem duração de 60 meses e custo de R$ 9,8 milhões mensais — aproximadamente R$ 117 milhões por ano.
De acordo com a prefeitura, o programa segue rigorosamente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), descartando imagens não relacionadas a investigações.
Em setembro, a iniciativa recebeu o Prêmio UCCI 2025 de Inovação Ibero-americana, como única premiada na área de segurança pública.