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Sob pressão da oposição, Motta anuncia que irá votar urgência de projeto de anistia

Presidente da Câmara diz que, se requerimento for aprovado, um relator será nomeado para chegar 'o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa'

Agência o Globo
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Publicado em 17 de setembro de 2025 às 20h33.

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Pressionado por bolsonaristas e pelo Centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou que irá pautar ainda nesta quarta-feira o requerimento de urgência para o projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de Janeiro — proposta que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro.

"Temos na Casa visões distintas e interesses divergentes sobre os acontecimentos de 8 de janeiro de 2023. Cabe ao Plenário, soberano, decidir. Portanto, vamos hoje pautar a urgência de um projeto de lei do deputado Marcelo Crivella para discutir o tema", disse Motta, nas redes sociais.

Motta afirmou que o "Brasil precisa de pacificação e de um futuro construído em bases de diálogo e respeito".

"O país precisa andar", afirmou.

Segundo ele, se a urgência for aprovada, um relator será nomeado "para que possamos chegar, o mais rápido possível, a um texto substitutivo que encontre o apoio da maioria ampla da casa".

"Como Presidente da Câmara, minha missão é conduzir esse debate com equilíbrio, respeitando o Regimento Interno e o Colégio de Líderes", acrescentou.

A ideia é aproveitar um texto do deputado federal Marcelo Crivella (Republicanos-RJ), que determina anistia aos envolvidos em atos antidemocráticos a partir de 30 de outubro de 2022, quando manifestantes bolsonaristas interromperam o tráfego em rodovias após a derrota eleitoral de Bolsonaro. O relator só deve ser definido amanhã pela manhã.

O gesto de Motta de colocar o tema em votação é visto por aliados dele como um gesto à oposição, mas sem o compromisso de analisar o mérito. Na prática, a aprovação de urgência permite que o texto seja analisado diretamente no plenário da Casa, sem precisar passar por comissões.

Nos bastidores, a avaliação é que Motta pretende usar a urgência como um “sinal de atenção” à oposição, ao mesmo tempo, em que empurra a discussão principal para evitar choque direto com o Supremo Tribunal Federal (STF) e com o Palácio do Planalto.

Um dos cenários traçados por parlamentares do Centrão é rejeitar o pedido, o que poderia servir para esfriar a pressão da oposição pelo tema.

Urgência como termômetro

Para líderes da Câmara, a votação da urgência deve servir de termômetro. O próprio Centrão não tem segurança de que os 257 votos necessários estejam garantidos. Ainda que a urgência seja aprovada, não há expectativa de apoio suficiente para o mérito — sobretudo no caso de uma anistia ampla, que inclua Bolsonaro, restabeleça sua elegibilidade e o livre da prisão.

Em meio a este clima, parte da oposição já admite uma anistia que não inclua a elegibilidade de Bolsonaro e vise apenas uma redução na pena. O mérito do texto não foi tratado na reunião de líderes desta quarta-feira e será empurrado, em caso de aprovação da urgência.

Ao colocar o pedido em votação, Motta também busca reduzir tensões com o Centrão, que saiu irritado após a orientação contrária do PT na PEC da Blindagem. O gesto foi interpretado como falta de compromisso do governo em proteger o Congresso, e líderes do bloco passaram a pressionar pela anistia como forma de marcar posição contra o Planalto e o STF.

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