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SP para - e os negócios sofrem - com qualquer sinal de chuva

Nada de reuniões, nada de transporte de cargas: a manhã de hoje em SP foi passada no trânsito. A capital de negócios do país perde bilhões com isso


	Congestionamento na Marginal Pinheiros: chuvas mais intensas são esperadas com a proximidade do verão, mas a cidade parece ficar mais paralisada a cada vez
 (Fernando Moraes/Agência Brasil)

Congestionamento na Marginal Pinheiros: chuvas mais intensas são esperadas com a proximidade do verão, mas a cidade parece ficar mais paralisada a cada vez (Fernando Moraes/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 12 de novembro de 2012 às 17h55.

São Paulo - A quantidade de chuva que atingiu hoje São Paulo, 31mm até às 13h, não pode ser considerada inesperada para o período de proximidade ao verão, segundo o Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE) da cidade. Mas as consequências para a capital paulista não são nada triviais. Na manhã de hoje, foram 90 semáforos sem funcionar, 46 pontos de alagamento e 245 quilômetros de congestionamento, o segundo pior do ano. Pessoas paradas em veículos é sinônimo de trabalho zero. É fato: a capital de negócios do país não deveria depender tanto do humor de São Pedro para funcionar. Por aqui, o trânsito já é uma espécie de “custo São Paulo”.

Um estudo do economista da Fundação Getúlio Vargas, Marcos Cintra, afirma que ao menos 10% do PIB da cidade seja comido pelo trânsito - o sexto pior do mundo, segundo a IBM - o que equivaleria neste ano a 56 bilhões de reais. 

Ou seja, estamos produzindo menos – e, como se verá, por um custo maior – por causa do trânsito. Os dias de chuva, como esta manhã, são apenas o ápice da questão.

“São Paulo, do ponto de vista da logística, é um enorme problema. A imprevisibilidade é seríssima. Tem dia que tem congestionamento não se sabe porque, e tem dia que não tem, também não se sabe porque. Mas quando chove, necessariamente é ruim”, afirma o professor e coordenador do Centro de Excelência em Logística da Fundação Getulio Vargas, Manoel Reis.

Com isso, não são apenas as empresas que têm que desovar mercadorias que se dão mal: executivos perdem reuniões de negócios, eventos são atrasados ou cancelados e ninguém começa a trabalhar na hora marcada. Uma aula de improdutividade. 

O resultado é que tudo que envolve a cidade fica mais caro. Quem organiza um evento com grande quantidade de pessoas, por exemplo, precisa arcar com os custos extras de estender o aluguel do local e do bufê, dentre outras despesas. Para quem distribui produtos, aumentam os custos com mão-de-obra e gasolina, e diminui a qualidade do serviço. 

Por que elas não vão embora?

Assim, toda companhia que preze um pouco a qualidade de vida e produtividade de seus funcionários deveria, em tese, olhar para outras cidades do Brasil que não ofereçam a mesma carga de estresse e custos.

Obviamente, não é isso que acontece, embora o setor industrial não se concentre mais na cidade. Para Manoel Reis, da FGV, a sorte de São Paulo é seu gigantismo. “A solução não é só se afastar, porque o grande consumo está na região metropolitana”, afirma o pesquisador.

Ele não acredita que os investimentos sejam prejudicados, "mas as coisas se tornam mais caras, dificeis e problemáticas".

E quem paga o custo extra das empresas? Entra aí o componente democrático da questão: todo mundo.


São Paulo está entre as 15 cidades mais caras do mundo. É claro que o trânsito é apenas um componente que faz a cidade ir bem no ranking, mas ele existe.

Melhorar o transporte público, tornando-o mais ágil e confortável, até poderia estimular que alguns carros saíssem das ruas, mas a verdade é que ninguém visualiza algo que possa realmente mudar este cenário de caos a cada pingo de chuva, pelo menos em curto prazo.

Uma das soluções apontadas para o transporte de cargas, e utilizada em outras metrópoles do mundo, também não é facilmente aplicável aqui. As empresas alegam vários motivos, mas um deles se sobressai: segurança.

Para tirar veículos pesados durante o pesado tráfego do dia – e ampliar a previsibilidade do custo das empresas – uma opção seria fazer as entregas de produtos durante a noite e madrugada.

Mas além da mudança de mentalidade exigida de empresas e fornecedores, a cidade esbarra no medo e insegurança, relatado por empresas a FGV, o que aumenta a cada dia que surgem mais notícias de mortes e execuções na capital paulista.

Pode ser que São Paulo seja grande demais para que se desista dela. Mas isso não é suficiente para acalmar os paulistanos, que perdem horas no trânsito, com prejuízo à qualidade de vida e produtividade; e também os empresários, que sabem que poderiam fazer mais, por menos, se a cidade ajudasse. 

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