Brasil

STF: Defesas de Bolsonaro e aliados apresentam 7 argumentos para impedir denúncia sobre golpe

Advogados contestam a denúncia de golpe no STF, alegando falta de provas, nulidade de delação e pedindo julgamento no plenário

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 25 de março de 2025 às 16h10.

Tudo sobreBrasil
Saiba mais

Em cerca de duas horas, os advogados de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos outros sete acusados no chamado "núcleo central" da denúncia sobre a tentativa de golpe apresentaram seus argumentos e negaram as acusações da Procuradoria-Geral da República (PGR) durante o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). A Primeira Turma da Corte analisa nesta terça-feira se aceita abrir uma ação penal sobre o caso.

Principais argumentos das defesas

Durante as sustentações orais, os advogados tiveram cerca de 15 minutos cada para apresentar suas teses. Os principais pontos levantados foram:

1. Ausência de elementos para configurar tentativa de golpe

A defesa de Bolsonaro, liderada pelo advogado Celso Vilardi, argumentou que não há provas suficientes para sustentar a acusação de tentativa de golpe. Vilardi afirmou que não houve violência ou ameaça grave, o que caracteriza a execução do crime de tentativa de golpe. Ele também reiterou que os discursos públicos de Bolsonaro não devem ser confundidos com atos criminosos.

2. Falta de acesso a provas

As defesas de Bolsonaro, do ex-ministro Walter Braga Netto e do general Augusto Heleno alegaram que não tiveram acesso a todas as provas, como mensagens e documentos que embasam a denúncia. O advogado de Braga Netto, José Luis Oliveira Lima, afirmou que a falta de acesso à íntegra das mensagens apreendidas pela Polícia Federal poderia apresentar provas que comprovassem a inocência de seu cliente.

3. Ataques à delação premiada de Mauro Cid

A defesa de Bolsonaro e Braga Netto contestou a validade da delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Os advogados alegaram que Cid foi cooptado sob pressão e que suas versões mudaram ao longo do tempo, enfraquecendo a credibilidade da delação. Vilardi citou ainda um áudio de Cid em que ele indicava estar sob forte pressão do STF, o que comprometeria a legitimidade de sua colaboração.

4. Excesso de documentos no processo ("document dump")

Outro argumento importante foi o excesso de documentos apresentados no processo, conhecido como "document dump". A defesa de Braga Netto alegou que a grande quantidade de documentos sem pertinência foi uma estratégia para dificultar o exercício da defesa. O advogado afirmou que mais de 115 mil páginas e 2 mil gigabytes de documentos foram incluídos no processo, o que torna a defesa praticamente impossível.

5. Julgamento no plenário do STF

As defesas também pediram que o julgamento fosse realizado no plenário do STF, em vez da Primeira Turma. O advogado Demóstenes Torres, que representa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, argumentou que a gravidade e relevância do caso exigem que os onze ministros do plenário se pronunciem, e não apenas os cinco da Primeira Turma.

6. Ligação com o 8 de Janeiro

A defesa de Bolsonaro ressaltou que não há provas que o liguem diretamente aos ataques de 8 de janeiro. Vilardi citou o fato de Bolsonaro ter viajado aos Estados Unidos no final de dezembro e não estar presente durante os eventos de violência nos prédios dos Três Poderes. Ele destacou que, mesmo com a investigação da Polícia Federal, não há certeza sobre a participação do ex-presidente nos acontecimentos.

7. Distância de radicais e ausência de envolvimento em golpismo

Alguns advogados, como o de Matheus Milanez, defenderam seus clientes argumentando que eles estavam distantes de grupos radicais e não participaram de articulações golpistas. Milanez, que representa o ex-ministro Augusto Heleno, afirmou que seu cliente sempre teve uma postura técnica e institucional e que suas ações estavam relacionadas ao exercício de suas funções, e não a um plano golpista.

Próximos passos do julgamento

O julgamento segue com a análise do caso pela Primeira Turma do STF, com a possibilidade de Bolsonaro e outros réus se tornarem formalmente acusados, caso a denúncia seja aceita. O processo pode ter um impacto significativo sobre a política e a legislação do país, com questões envolvendo a legalidade e o alcance da acusação.

Acompanhe tudo sobre:BrasilJair BolsonaroSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Gilmar Mendes retira discussão sobre mineração em terras indígenas de conciliação do marco temporal

Governo quer aumentar pena máxima de 4 para 6 anos de prisão a quem recebe ou vende celular roubado

Alexandre de Moraes arquiva investigação contra Bolsonaro sobre fraude em cartão de vacina

PEC da Segurança será enviada ao Congresso nas próximas semanas, diz Sarrubbo